Viagem de Bolsonaro a Nordeste dá largada para campanha extraoficial

Publicado 09.02.2022, 15:57
Atualizado 09.02.2022, 16:00
© Reuters. 06/10/2021
REUTERS/Adriano Machado

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - Em dois dias de viagem, o presidente Jair Bolsonaro transformou seu tour nordestino em uma prévia da campanha eleitoral, com direito à comício montado por apoiadores, jingle, autoelogios e ataques a adversários.

Apesar dos cinco meses para a campanha eleitoral efetivamente começar, Bolsonaro foi recebido em Caicó (RN), onde passou a noite, com um palanque montado, centenas de pessoas o esperando, bandeiras verde-amarela e um jingle --cuja letra exaltava a fuga da "bandeira vermelha do comunismo" e dizia: Obrigada por lembrar da nossa gente do Nordeste tão carente que não votou em você. Vamos esquecer o passado e fazer o Brasil crescer."

Não havia, na cidade, nenhum evento oficial marcado.

O presidente subiu ao palco e fez um discurso rápido a seus apoiadores. "É um colírio para nossos olhos, são as cores verde e amarela que estão estampadas em cada um de vocês. Podem ter certeza que a nossa liberdade será defendida a qualquer custo", disse.

O discurso, no entanto, não foi transmitido em suas redes sociais. Um vídeo publicado depois em suas contas mostra sua chegada, mas deixou de fora a fala do presidente.

Nesta quarta-feira, Bolsonaro seguiu com sua viagem no Rio Grande do Norte, também em tom de campanha, primeiro com uma motociata pela manhã ainda em Caicó, uma visita à barragem de Oiticica, em Jucurutu (RN), uma cavalgada e um último evento em Jardim de Piranhas.

Ao lado do presidente, dois ministros que disputam vagas na sua chapa para concorrer a cargos no Estado, Fábio Farias, das Comunicações, e Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional. Ambos querem ser candidatos ao Senado no Rio Grande do Norte.

Em todos os eventos, o tom foi de campanha. Vídeos exaltando Bolsonaro pessoalmente e também Marinho foram mostrados antes dos discursos, atribuindo a ambos as obras de transposição do São Francisco.

Nos quatro eventos oficiais, Bolsonaro trouxe para si o avanço da transposição --iniciada em 2007 e que seu governo pegou já com 90% concluída--, acusando seus antecessores de terem desviado recursos e paralisado as obras, a quem chamou de "canalhas", e, se não pediu abertamente votos para 2022, chegou próximo.

"Essas porcarias que me antecederam, que falavam bonito, era roubalheira o tempo todo. O que nós queremos para o Brasil a não ser fazer a coisa certa. Querem colocar o fala mansa lá? Botem. Quem vai pagar a conta? Vocês", disse durante o discurso em Jucurutu.

O segundo evento do dia, em Jardim de Piranhas, também no Rio Grande do Norte, o pedido de votos foi explícito, através do ex-senador Magno Malta. Candidato à reeleição para o cargo em 2018, perdeu a vaga no Espírito Santo para Fabiano Contarato, hoje no PT, e foi deixado de lado na montagem do ministério por Bolsonaro. Mas fez uma defesa apaixonada do presidente e pediu votos explicitamente.

"Precisamos reconduzir esse homem ao poder, à reeleição. Depois dele, outro conservador e depois outro conservador", disse Malta.

© Reuters. 06/10/2021
REUTERS/Adriano Machado

Bem atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de opinião --com diferenças que chegam a 20 pontos percentuais--, Bolsonaro tenta recuperar a popularidade com viagens às regiões em que, hoje, tem menos aprovação. O Nordeste, onde já perdeu em 2018, é a principal delas.

Até junho, de acordo com a lei eleitoral, o presidente pode usar suas viagens oficiais em inaugurações e visita a obras. Não pode, no entanto, falar de candidatura, pedir votos ou que peçam votos por ele de forma explícita, fazer comícios ou exaltar suas qualidades em outdoors e outros materiais.

Oficialmente, a campanha eleitoral começa apenas em 16 de agosto.

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