Por Diego Vara
LAJEADO (Reuters) - Durante várias horas, as enchentes subiram até varrer a casa de Miguel Rutigliano Bieleski, sua esposa e seus dois filhos. Bieleski disse que só sobreviveu porque se agarrou ao galho de uma árvore.
Aos 35 anos, ele é um dos muitos brasileiros no sul do país que lutam para reconstruir suas vidas depois de serem atingidos por um ciclone tropical esta semana. Estima-se que cerca de 7.700 pessoas perderam suas casas, segundo autoridades do governo.
Pelo menos 41 pessoas morreram na tempestade e 46 ainda estão desaparecidas, segundo autoridades estaduais do Rio Grande do Sul, que declarou situação de emergência pública. Meteorologistas prevêem mais chuvas antes que o dilúvio se dissipe no domingo.
Bieleski mora na cidade de Lajeado, que foi duramente atingida pelas enchentes do rio Taquari. Ele culpou os serviços de emergência pelas mortes de sua esposa e filhos, dizendo que eles o incentivaram a ficar em casa para aguardar a ajuda que nunca chegou.
"Não fizeram nada, e quem pagou a conta foi eu", disse ele, acrescentando que agora enfrenta as consequências.
Os serviços de emergência do Rio Grande do Sul não responderam ao pedido de comentários.
Paulo Ricardo Siqueira Santos, também de Lajeado, agora dorme no carro depois que sua casa ficou cheia de lama e água. Antes de fugir, o aposentado de 65 anos conseguiu guardar seus utensílios de jardinagem, seu único meio de subsistência além de doações de alimentos e água.
Ele disse que temia que ladrões saqueassem todos os pertences restantes e agora mora em seu carro.
"Eu moro aqui há 60 anos, nunca vi uma tragédia assim", disse. "A água chegou até o segundo andar da minha casa."
(Reportagem de Diego Vara e Pilar Olivares)