30 Ago (Reuters) - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu nesta terça-feira a manifestação do procurador-geral da República, Augusto Aras, a respeito da operação de busca e apreensão contra empresários bolsonaristas que ele determinou para a Polícia Federal cumprir na semana passada.
A ordem de Moraes ocorreu no âmbito de um requerimento apresentado por senadores da oposição. A operação foi alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, e não teve manifestação da PGR antes de ser deflagrada.
A propósito, Moraes e Aras terão uma reunião nesta tarde às 17h. Oficialmente o tema é para tratar de assuntos institucionais. O encontro ocorrerá após o mal-estar entre ambos decorrente da operação.
Confiança nas urnas
Pesquisa CNT/MDA divulgada nesta terça-feira mostrou que 69,4% dos entrevistados confiam nas urnas eletrônicas, ao mesmo tempo que 65,4% consideram importante a fiscalização do sistema de votação por militares por entenderem que ela garante mais confiabilidade.
De acordo com o levantamento, o percentual dos que não confiam nas urnas é de 27,4%, enquanto 31% entendem que a fiscalização dos militares é desnecessária, pois as urnas já são seguras.
O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) faz constantes ataques sem provas às urnas eletrônicas e tem recebido apoio de parte da cúpula das Forças Armadas aos questionamentos sem fundamentos que faz ao sistema. Os militares foram convidados no ano passado pelo então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, para participarem da comissão de transparência eleitoral da corte.
Outra religião
O levantamento do instituto MDA, encomendado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), também mostrou que 87,3% dos entrevistados aceitam votar em um candidato que não tenha a mesma religião que a sua, enquanto apenas 10,1% rejeitam essa possibilidade.
Entre os católicos, 88,5% admitem votar em um candidato que não professe a mesma fé, contra 9,1% que só votariam em católicos, e entre os evangélicos, 84% aceitam votar em um candidato de outra religião, enquanto 13,8% descartam a hipótese.
Bolsonaro, que é católico, tem buscado consolidar sua liderança entre os eleitores evangélicos apostando na pauta de costumes e na participação na campanha da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que é evangélica. Líder nas pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também é católico.
Faça como na Alemanha
Candidato a vice na chapa de Lula, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), publicou vídeo no Twitter em que, num discurso a empresários, defende a aliança com o petista --adversário nos tempos em que Alckmin estava no PSDB-- e citou o exemplo da ex-chanceler da Alemanha Angela Merkel.
"O que é mais importante, as disputas do passado ou a necessidade do futuro?", indaga o postulante a vice. "Na Alemanha, a Angela Merkel, ela é conservadora, da democracia cristã da Alemanha, convidou o Scholz para ministro da Fazenda, da social-democracia alemã, esquerda alemã... a Alemanha deu um salto."
Após participar do governo Merkel, Olaf Scholz e o Partido Social-Democrata venceram as eleições gerais alemãs --das quais Merkel não participou-- mas, para se tornar chanceler, precisou formar uma aliança com os Verdes, de esquerda, e os Democratas Livres, que são pró-mercado.
(Reportagem de Eduardo Simões e Ricardo Brito)