Por Costas Pitas e Kylie MacLellan
LONDRES (Reuters) - A primeira-ministra britânica, Theresa May, irá pedir permissão à rainha Elizabeth para formar um governo após sofrer um revés eleitoral no qual seu Partido Conservador perdeu a maioria parlamentar dias antes do início programado das conversas sobre a desfiliação do Reino Unido da União Europeia.
Confiante em uma vitória folgada, May convocou uma eleição antecipada para fortalecer sua posição na negociação do Brexit, mas, em uma das noites mais sensacionais da história das eleições britânicas, um Partido Trabalhista renascido privou os conservadores de uma vitória contundente e mergulhou o país em um turbilhão político, já que nenhum vencedor claro emergiu da disputa.
Jeremy Corbyn, o rival trabalhista de May antes visto por seus adversários como carta fora do baralho, disse que a premiê deveria renunciar e anunciou que deseja montar um governo de minoria.
Mas May, enfrentando críticas por ter feito uma campanha morna, está determinada a se manter no cargo. Um porta-voz de seu escritório disse que ela irá ao Palácio de Buckingham para pedir permissão à rainha Elizabeth para formar um governo – uma formalidade do sistema britânico.
O canal Sky News relatou que o Partido Democrático Unionista da Irlanda do Norte (DUP) irá apoiá-la, o que daria aos conservadores os 326 assentos de que necessita para ter uma maioria parlamentar. O DUP não quis comentar.
Com os resultados de 649 das 650 cadeiras divulgados, os conservadores haviam conquistado 318 vagas e os trabalhistas, 261.
O DUP, que obteve 10 assentos, está cogitando um arranjo que envolveria apoiar um governo de minoria conservadora em votações cruciais no Parlamento, mas sem montar uma coalizão formal, segundo a rede Sky.
"Se... o Partido Conservador conquistou mais assentos e provavelmente mais votos, estaremos incumbidos de fazer com que tenhamos um período de estabilidade, e isso é exatamente o que faremos", disse uma contida May depois de conquistar sua própria vaga parlamentar em Maidenhead, perto de Londres.
Não ficou claro qual será a posição adotada nas conversas complexas da separação da UE, que começam em 10 dias, nem se o chamado "Brexit duro", que desligaria o Reino Unido do mercado comum europeu, ainda será um objetivo.
Depois de conquistar sua própria cadeira no Parlamento no norte de Londres, Corbyn disse que a tentativa de May de conquistar um mandato mais robusto saiu pela culatra.
"O mandato que ela conseguiu foi perder assentos dos conservadores, perder votos, perder apoio e perder confiança", disse.
(Reportagem adicional de Guy Faulconbridge, Alistair Smout, David Milliken, Paul Sandle, William Schomberg, Andy Bruce, William James, Michael Urquhart e Paddy Graham em Londres, Padraic Halpin in Dublin)