Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O governo federal autorizou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a antecipar recursos ao governo do Rio de Janeiro em troca do controle da companhia estadual de água e esgoto (Cedae), confirmou à Reuters uma fonte do Palácio do Planalto nesta quarta-feira.
O plano, apresentado na terça-feira ao presidente Michel Temer pelo presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, prevê o repasse de 3 bilhões de reais ao governo do Rio de Janeiro - o valor exato ainda está sendo calculado. Em troca, o controle da empresa de saneamento será repassado ao banco, que fará sua reorganização e depois a privatização.
A privatização da Cedae está prevista no plano de recuperação fiscal acertado entre os governos federal e fluminense em janeiro. A previsão era de que a empresa serviria de garantia para empréstimos a serem tomados pelo governo do Rio de até 3,5 bilhões de reais, avalizados pela União.
O governador do Estado, Luiz Fernando Pezão, foi convocado por Temer para uma reunião na quinta-feira, no Palácio do Planalto, e vai suspender temporariamente a licença médica para tratar de assuntos relevantes para o Rio de Janeiro, afirmou o governo fluminense nesta tarde.
A solução apresentada pelo BNDES permite que os recursos entrem diretamente no caixa do Rio de Janeiro. De acordo com a fonte, a avaliação do presidente do BNDES e da equipe econômica é de que não haveria prejuízo para o banco na operação.
O BNDES já estrutura o processo de privatização da Cedae desde janeiro, quando foi fechado o acordo de recuperação fiscal. A intenção do BNDES, segundo a fonte, é vender a empresa o mais rápido possível.
Se o valor da venda ultrapassar o valor adiantado, o banco pode repassar a diferença ao Rio de Janeiro, disse a fonte.
O Rio de Janeiro vive uma das piores crises econômicas de sua história. Ao apresentar o plano de recuperação, os cálculos do governo eram de que seriam necessários 4,5 bilhões de reais apenas para colocar em dia os salários atrasados.
Procurado, o BNDES informou que não comentaria o assunto.