Por Elizabeth Pineau
HAVANA (Reuters) - O presidente francês, François Hollande, se tornou nesta segunda-feira o primeiro chefe de Estado francês a visitar Cuba, na tentativa de moldar um papel mais expressivo da França na nação comunista num momento de abertura histórica das relações da ilha com os Estados Unidos.
Constam na agenda de Hollande um encontro com o presidente cubano, Raúl Castro, o pronunciamento de um discurso e a participação em um fórum econômico em Cuba, como parte de um giro pelo Caribe. Ele esteve antes nas ilhas de Saint-Barthélemy, Saint Martin, Martinica e Guadalupe (regiões ultramarinas da França), e depois de Cuba deve ir para o Haiti na terça-feira.
Hollande está viajando com executivos de empresas francesas, incluindo da Air France, do grupo de hotelaria Accor (PARIS:ACCP) e da destilaria Pernod Ricard (PARIS:PERP). Essas três companhias já operam em Cuba, mas querem expandir seus negócios, de olho no potencial após o fim do embargo econômico dos EUA a Cuba.
Raúl e o presidente dos EUA, Barack Obama, anunciaram em dezembro que iriam restabelecer os laços diplomáticos e procurar normalizar as relações bilaterais após mais de 50 anos de confrontação, e os dois líderes levaram isso adiante ao se encontrarem numa cúpula regional no Panamá, em abril.
A França sempre manteve relações com Cuba e é um dos maiores credores da ilha, mas a retomada de relações com os Estados Unidos deverá ter ramificações em todo o Ocidente. As empresas europeias que há anos fazem negócios com Cuba poderiam ter um novo concorrente se os Estados Unidos puserem fim ao embargo.
Hollande também se reunirá com o cardeal de Cuba, Jaime Ortega, e a representação cubana da Aliança Francesa. Ele também poderá fazer uma visitar ao ex-líder cubano Fidel Castro, de 88 anos, cuja revolução de 1959 é geralmente bem vista na França, especialmente dentro do Partido Socialista, de Hollande.
(Reportagem de Daniel Trotta e Eric Walsh)