SÃO PAULO (Reuters) - As montadoras de veículos do Brasil elevaram expectativas de produção e exportações deste ano, após as vendas externas dos seis primeiros meses do ano terem avançado 57 por cento sobre o mesmo período do ano passado.
A estimativa para a produção subiu de alta de 11,9 por cento sobre 2016 para crescimento de 21,5 por cento, a 2,619 milhões de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. Já a projeção para exportações subiu de 7,2 por cento para expansão de 35,6 por cento, a 705 mil veículos.
Apesar do otimismo, o setor ainda não se anima a retomar contratações de funcionários e reabertura de turnos de produção, uma vez que o mercado interno segue engatinhando.
"Quando mercado interno começar a crescer, aliado às exportações, aí sim", disse o presidente da associação de montadoras, Anfavea, Antonio Megale, a jornalistas. "Precisamos de solidez do mercado para que as empresas acrescentem turnos de produção", acrescentou.
A capacidade da indústria automotiva brasileira é de cerca de 5 milhões de veículos por ano, mas o índice atual de ociosidade, segundo Megale, está em 50 por cento. Com a nova projeção de produção, ele afirmou que esse indicador deverá cair para cerca de 40 por cento.
No primeiro semestre, as vendas de veículos novos no Brasil subiram 23 por cento sobre o mesmo período do ano passado, para 1,26 milhão de unidades.
Segundo Megale, a tendência de vendas de veículos novos no Brasil no segundo semestre costuma ser de crescimento sobre a primeira metade do ano. Por isso, a Anfavea deverá rever em agosto a projeção de licenciamentos do ano, atualmente de alta de 4 por cento, para 2,13 milhões de unidades.
Ele alertou, no entanto, que essa revisão tem viés de alta no caso de automóveis e comerciais leves, mas tendência de baixa nos caminhões e ônibus. No primeiro semestre, as vendas de caminhões acumularam queda de 16 por cento sobre um ano antes, para 21,5 mil unidades. Já as de ônibus caíram 14 por cento, para 4,9 mil veículos.
"Ainda temos um grande período pela frente para chegarmos a níveis razoáveis de ociosidade, de em torno de 15 por cento", disse Megale.
Questionado se a atual crise política em torno do presidente Michel Temer poderá impactar as projeções para o ano, Megale afirmou que "parece que está gradualmente havendo um descolamento do setor econômico do político".
"As projeções são robustas e se os índices do segundo semestre seguirem a trajetória de sazonalidade que observamos nos últimos anos, elas até podem ter um viés positivo nas próximas revisões", disse.
(Por Alberto Alerigi Jr.)