(Reuters) - A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou e pediu à Justiça a prisão preventiva de seis funcionários da Samarco e um engenheiro da consultoria VogBR, com a conclusão de um inquérito que investiga o rompimento mortal da barragem de rejeitos da mineradora, em Mariana (MG), no ano passado.
Entre os indiciados estão o presidente licenciado da Samarco, Ricardo Vescovi, e o diretor-geral, Kléber Terra.
"A falta do monitoramento, da operacionalização da barragem, da autorização do recuo, da não atualização da carta de risco, do alteamento e o plano de emergência falho por parte da Samarco fizeram com que houvesse os elementos necessários para o indiciamento formal dos diretores, coordenadores e gerentes da empresa", afirmou em nota delegado regional de Ouro Preto e responsável pelo inquérito, Rodrigo Bustamante.
Já a responsabilização criminal do engenheiro da VogBR, segundo a polícia, acontece por ele ter declarado a estabilidade da barragem sem levar em consideração determinados aspectos da estrutura considerados relevantes pela investigação.
Segundo a polícia, a partir do rompimento da barragem, vários crimes foram consumados, entre delitos contra a vida, o meio ambiente e a saúde pública.
Considerado pelo governo federal o maior desastre ambiental da história do Brasil, o colapso da barragem despejou uma onda de lama que deixou 17 mortos, dois desaparecidos, centenas de desabrigados, além de poluir o Rio Doce que deságua no mar.
O primeiro inquérito, instaurado pela Polícia Civil em 6 de novembro de 2015, um dia após o rompimento, apurou a autoria, materialidade, circunstâncias, causas, consequências, danos e demais delitos provenientes do desastre.
A Polícia Civil explicou que o inquérito inicial foi desmembrado em dois, devido a diversidade de crimes e complexidade das perícias. O segundo procedimento instaurado apura os crimes ambientais e licenciamentos da barragem, cujo prazo para conclusão termina em 22 de março.
Procurada, a Samarco afirmou em nota que "considera equivocados os indiciamentos e as medidas cautelares de privação de liberdade propostas pela autoridade policial, e vai aguardar a decisão da Justiça para tomar as providências cabíveis".
"A empresa analisará cuidadosamente as conclusões apresentadas pela Polícia Civil em audiência pública, hoje na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, e reitera que continua colaborando com as autoridades competentes".
(Por Marta Nogueira)