Por Mark Hosenball e Arshad Mohammed e Phil Stewart
WASHINGTON (Reuters) - O uso de milícias xiitas para tentar retomar o controle da cidade iraquiana de Ramadi das mãos do Estado Islâmico pode desencadear mais derramamento de sangue por motivos sectários, disseram algumas autoridades atuais e antigas dos Estados Unidos, mas Washington e Bagdá parecem ter poucas opções.
A perspectiva de milícias apoiadas pelos iranianos liderarem os esforços para a retomada de Ramadi demonstra as parcas opções de Washington para derrotar o Estado Islâmico no Iraque, com a fraca posição do primeiro-ministro Haider al-Abadi no poder, um Exército nacional ainda sendo estruturado e o Irã cada vez mais assertivo.
A tomada de Ramadi pelo Estado Islâmico, apesar de meses de assessoria militar e ataques aéreos liderados pelos EUA, representou uma nova baixa para o esfacelado Exército iraquiano, que no fim de semana se retirou da cidade de modo caótico.
Abadi imediatamente se voltou para as milícias xiitas, que com o apoio do Irã se tornaram a mais poderosa força militar no Iraque desde que o Exército nacional desmoronou pela primeira vez em junho de 2014, diante do rápido avanço do Estado Islâmico. Uma coluna de 3.000 milicianos xiitas chegou na segunda-feira a uma base militar perto de Ramadi, capital de Anbar, província de maioria sunita que tem sido central na oposição ao governo xiita do Iraque.
Uma autoridade dos EUA, falando sob condição de anonimato, descreveu Ramadi como "um barril de pólvora" e disse que qualquer uso das milícias "tem que ser tratado com muita, muita delicadeza". "Existe o potencial de que isso pode acabar muito, muito mal", disse o funcionário.
Autoridades dos EUA disseram que o governo está profundamente dividido sobre o envolvimento das milícias xiitas com ligações com o Irã – um rival norte-americana que tem expandido sua influência por todo o Oriente Médio. Depois de liderar no mês passado a retomada de Tikrit, cidade sunita, alguns combatentes xiitas entraram numa farra de pilhagem, incêndios e violência, segundo os moradores locais.
(Reportagem adicional de Roberta Rampton e Patricia Zengerle)