BRASÍLIA (Reuters) - O empresário Joesley Batista afirmou nesta quinta-feira, em novo depoimento à Polícia Federal, ter repassado 110 milhões de reais ao então candidato do PSDB à Presidência e hoje senador Aécio Neves (MG) durante a campanha eleitoral de 2014, disse uma fonte com conhecimento do assunto à Reuters.
A informação desse pagamento foi publicada inicialmente nesta sexta-feira pelo site do jornal O Globo. Esse repasse milionário tinha por objetivo garantir a atuação de Aécio, na época candidato ao Palácio do Planalto e presidente do PSDB, em favor do grupo J&F.
Os valores repassados teriam sido divididos pelos tucanos a outros partidos que apoiaram Aécio à época. Joesley apresentou à PF informações sobre os repasses, como extratos de notas fiscais e planilhas de doações, tanto oficialmente como via caixa 2.
Derrotado nas eleições gerais passadas para a petista Dilma Rousseff no segundo turno, Aécio Neves tornou-se réu no Supremo Tribunal Federal (STF) na terça-feira por corrupção passiva e obstrução de Justiça com base na delação de executivos da J&F.
No caso do STF, o tucano foi acusado de ter recebido propina de 2 milhões de reais do grupo e ainda de atuar para garantir a nomeação de delegados que impedissem o avanço da operação Lava Jato. O tucano, que se desgastou politicamente com o episódio, ainda é alvo de outros 8 inquéritos no Supremo - o novo depoimento da quinta faz parte de uma dessas apurações.
A defesa de Aécio e o próprio senador tem negado que ele tenha cometido qualquer irregularidade em sua relação com o grupo e acusa os delatores, em especial Joesley, de mentir em seus depoimentos a fim de conquistar benefícios da colaboração premiada.
(Reportagem de Ricardo Brito)