RIO DE JANEIRO (Reuters) - O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, negou desavenças com aliados que não estariam se engajando em sua campanha presidencial, afirmou que segue firme na corrida ao Palácio do Planalto e repetiu a expectativa de subir nas pesquisas assim que a campanha começar para valer em agosto.
O tucano, segundo notícias na mídia, teria demonstrado descontentamento com a baixa adesão e pouca participação de correligionários durante um reunião em São Paulo. Um dos presentes relatou que o ex-governador de São Paulo teria chegado a jogar um guardanapo sobre a mesa em um momento incomum de descontrole.
“Não teve nada disso... nada disso”, disse Alckmin a jornalistas no Rio de Janeiro, onde apresentou propostas para a área de segurança, além da agenda para os próximos dias, com viagens para Brasília, Salvador e o Estado do Espírito Santo, procurando demonstrar a força de sua pré-campanha.
"Minha relação com aliados está ótima e os aliados vão crescer”, acrescentou. Mas questionado sobre como ficará seu palanque no Rio de Janeiro, respondeu que também quer saber como será.
Alckmin, que governou o Estado mais importante do país, não tem chegado a 10 por cento das intenções de voto nas pesquisas, ficando bem atrás do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e disputando terreno com a ex-senadora Marina Silva (Rede), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o senador Alvaro Dias (Podemos) --sem contar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso cumprindo pena por lavagem de dinheiro e corrupção, mas que lidera as pesquisas quando aparece como candidato.
“A campanha esse ano é curta, nem sou contra, mas muda a lógica. As coisas vão acontecer mais para frente. Você só vai mudar (os números de intenção de voto) com a campanha”, disse o presidenciável.
Neste ano, a campanha eleitoral começa oficialmente apenas em 16 de agosto, um dia depois do prazo final para o registro das candidaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). E o horário da propaganda de rádio e TV será iniciado apenas em 31 de agosto.
Perguntado se vai crescer na campanha, Alckmin foi taxativo: "Claro, claro."
"Você acha que o PT vai ter apenas 2 por cento das intenções de voto?”, indagou, referindo-se a intenção de votos de possíveis candidatos do PT, que não Lula, têm registrado em algumas sondagens.
PETROBRAS
O pré-candidato do PSDB aproveitou o momento em que se discute a política de preços da Petrobras (SA:PETR4), que ganhou destaque com a greve dos caminhoneiros e com a saída de Pedro Parente do comando da estatal, para fazer críticas ao governo, que não anteviu a greve e demorou a agir, e também à periodicidade do ajustes de preços dos derivados de petróleo.
Alckmin defendeu um intervalo mensal para os reajustes da Petrobras, um redução de impostos sobre os combustíveis e até a criação de um colchão para amortecer impactos sobre os preços.
“Não pode ser reajuste diário de preços... defendo que seja um reajuste sobre uma média de 30 dias. Tem que ter um colchão tributário quando os preços sobem, ter um fundo para amortecer aumentos”, disse.
O ex-governador, que já defendeu ao longo da pré-campanha, a privatização de partes da Petrobras, reafirmou nessa quarta-feira que apoia a venda de segmentos da companhia.
“Acho que tem que privatizar a parte de distribuição, transporte e quebrar o monopólio do refino”, destacou. “Tem que trazer investimento no refino e outros parceiros.”
SEGURANÇA
As diretrizes para um plano para a área de segurança foram apresentadas em um clube tradicional da Tijuca, bairro de classe média do Rio de Janeiro marcado por casos de confrontos nas diversas comunidades da região.
Ao lado de especialistas na área que ajudaram na confecção do documento, o ex-governador paulista apresentou 10 pontos que serão alvos de debates.
Entre as diretrizes estão o reforço no patrulhamento de fronteira, criação de uma Guarda Nacional para apoiar Estados e municípios, criação de uma programa nacional de redução de homicídio e investimentos no sistema prisional.
Em contraposição a Bolsonaro, o tucano disse ser contra a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, mas defendeu que um menor que cometa um crime hediondo tenha uma privação de liberdade de oito anos e não de apenas três anos.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)