Por Michelle Martin e Andrea Shalal
BERLIM (Reuters) - Um clima de apatia pré-eleição tomou conta da mídia da Alemanha nesta segunda-feira, quando analistas políticos concluíram que o rival de Angela Merkel pelo cargo de chanceler perdeu sua melhor chance de impedi-la de conquistar um quarto mandato.
Faltando três semanas para a votação, vários jornais do país que avaliaram o debate televisivo apático de domingo concluíram que uma repetição da grande coalizão de governo dos conservadores de Merkel e do Partido Social-Democrata (SPD), do adversário Martin Schulz, é provável.
"Angela Merkel e Martin Schulz quase não mostraram diferenças em seu único confronto direto. Por que simplesmente não montamos a grande coalizão de novo?", questionou a revista Der Spiegel em seu site, acrescentando que o debate não deve ter mudado as preferências atuais do eleitorado.
Estas seriam uma continuação da equipe que vem governando o país nos últimos quatro anos, mas essa combinação já foi vista como um último recurso, e pesquisas indicam uma coalizão de três partes entre os conservadores, os verdes e os Democratas Livres (FDP) como uma alternativa.
Nos últimos três meses as pesquisas mostraram continuamente os conservadores de Merkel com uma dianteira de dois dígitos sobre o SPD, mas a diferença jamais cresceu o bastante para dar à aliança entre a União Democrata-Cristã (CDU) e a União Social-Cristã (CSU (SA:CARD3)) uma maioria parlamentar.
As enquetes indicaram que Merkel também venceu o duelo de domingo -- uma decepção para Schulz, que esperava poder aproveitar seu único confronto direto com ela para mudar a sorte de seu partido.
"Estamos correndo o risco de mais uma grande coalizão", disse a manchete do jornal Bild, de grande tiragem.
Segundo o Bild, embora Schulz tenha tentado atacar a "chanceler eterna", o fez com delicadeza, observando que em muitas ocasiões ele compartilhou a opinião da adversária e que os dois não conseguiram se diferenciar.
A primeira página do jornal local Berliner Zeitung deu um placar de 0 x 0 para os dois candidatos.
"Deveria ter sido o primeiro clímax da corrida pela chancelaria... mas não se viram ênfases substantivas. Os leitores indecisos provavelmente não foram convencidos por nenhum dos candidatos", disse.
O jornal Handelsblatt disse que Schulz não atacou realmente a atual chanceler, e acrescentou: "Martin Schulz não quer ser chanceler em setembro, aparentemente, mas gerente do escritório de Angela Merkel".