Edimburgo (R.Unido), 9 jun (EFE).- A tendência de voto na Escócia, com o crescimento dos conservadores nas eleições gerais do Reino Unido, representa um freio para as aspirações de independência de uma região que, majoritariamente, prefere se manter na União Europeia (UE), de acordo com os resultados do referendo de junho do ano passado sobre o futuro britânico no bloco.
A ministra principal da Escócia, Nicola Sturgeon, esperava no início da campanha uma sólida vitória nas urnas da chefe de governo do Reino Unido, Theresa May, mas não contava com que os 'tories' (conservadores) conseguiriam seu melhor resultado na região autônoma em 30 anos, depois que passaram de uma para 13 cadeiras em Westminster.
No fim, os conservadores conseguiram avanços importantes na Escócia e ganharam as eleições de quinta-feira, mas perderam a maioria absoluta, o que obriga a primeira-ministra a buscar apoio em outros partidos para se manter no poder.
O Partido Nacionalista Escocês (SNP, sigla em inglês), de Sturgeon também acreditava que repetiria os resultados das eleições de 2015, quando obteve 56 das 57 cadeiras possíveis, mas acabou perdendo 21 devido à ascensão dos 'tories' e ao ressurgimento do Partido Trabalhista. Agora, os nacionalistas escoceses precisam reavaliar suas prioridades.
Neste contexto, a líder do SNP reconheceu hoje que sua petição para realizar um novo referendo sobre a independência da Escócia teve influência na perda de popularidade de seu partido e que uma parte do eleitorado lhe virou as costas.
Apesar de a independência ter sido rejeitada no referendo de 2014 por uma clara margem de dez pontos, Sturgeon tinha solicitado a convocação de uma nova consulta sobre esta questão, pois entendia que agora estavam postas as condições necessárias, após o "não" da Escócia à saída do Reino Unido da União Europeia no referendo de junho do ano passado.
Hoje, Sturgeon se comprometeu a "analisar os resultados" eleitorais, a ouvir os "eleitores" e a considerar "muito cuidadosamente a melhor maneira de avançar na Escócia", mas reiterou que não "realizará julgamentos ou tomará decisões precipitadas".
Nicola Sturgeon pediu a Theresa May que abandone seus planos para negociar um "Brexit" duro com os 27 países-membros da UE nas conversas que deveriam começar dia 19.
A líder escocesa insistiu que a política conservadora "perdeu a credibilidade" para dirigir o país e pediu apoio a outros partidos para que Escócia e Reino Unido permaneçam no mercado único após o divórcio entre Londres e Bruxelas.
Sturgeon declarou que "é importante fazer uma pausa" para efetuar uma análise mais calma das eleições e ouvir "o eleitorado", mas insistiu que a "questão constitucional" sobre a independência da Escócia não desaparecerá do panorama político.
Cedo ou tarde, todas as partes deverão fazer frente a questão da soberania escocesa, afirmou a líder escocesa, que, no entanto, decidiu não "ir além hoje", e preferiu rendeu uma homenagem aos pesos-pesados de seu partido que perderam suas cadeiras em Westminster.
Entre eles se destacam Alex Salmond, o antigo líder do SNP e ex-ministro principal, e Angus Robertson, o "número 2" do partido e porta-voz da legenda em Westminster, que foram derrotados por candidatos conservadores.
"Sem dúvida, o referendo de independência foi um fator-chave no resultado das eleições, mas acredito que também há outros", disse Sturgeon, que lembrou que, mesmo com a redução no número de cadeiras, seu partido ganhou as eleições na Escócia.
Além disso, Sturgeon opinou que o "voto estratégico" de alguns eleitores pode ter influenciado a queda do seu partido, pois a política nacionalista acredita que alguns partidários da independência votaram no Partido Trabalhista de Jeremy Corbyn para conter os conservadores em nível nacional.
O SNP obteve apenas 37% dos votos em comparação com os 50% de 2015, o que o deixou com 35 das 56 cadeiras que tinha em Londres, enquanto que o apoio aos 'tories' cresceu de 15% há dois anos para os 28% registrados na quinta-feira.
Os trabalhistas e o Partido Liberal Democrata também melhoraram seus resultados em relação aos nacionalistas, ao passarem de uma única cadeira na legislatura anterior para sete e quatro, respectivamente.
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