BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti, divulgou nota nesta segunda-feira em que defende o chefe do Ministério Público Federal, Rodrigo Janot, acusado mais cedo pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de ser o "procurador-geral mais desqualificado que já passou pela história" da instituição.
Na entrevista, concedida à Rádio Gaúcha, o ministro do STF disse que Janot "não tem condições, na verdade, não tem preparo jurídico nem emocional para dirigir algum órgão dessa importância". Mendes tem sido o principal crítico público da atuação do procurador-geral no STF.
Em nota, a ANPR repudiou os ataques "absolutamente sem base e pessoais" a Janot proferidos nos últimos dias. Segundo o presidente da entidade, "é deplorável que um ministro do STF esqueça reiteradamente de sua posição para tomar posições políticas (muito próximas da política partidária) e ignore o respeito que tem de existir entre as instituições".
"Não é o comportamento digno que se esperaria de uma autoridade da República. O furor mal contido nas declarações de Gilmar Mendes revela objetivos e opiniões pessoais (além de descabidas), e não cuidado com o interesse público", criticou.
A nota destaca que Janot foi nomeado duas vezes para o cargo, após ser eleito internamente pela categoria, tendo contado assim com apoio interno e externo. Ressalta ainda que nos quase quatro anos de mandato a atuação foi sempre "impessoal, objetiva, destemida e de qualidade". Segundo Robalinho, não por outro motivo Janot tem tido o apoio da população brasileira.
"O Ministério Público não age para perseguir ninguém, e não tem agendas que não o cumprimento de sua missão constitucional. Tampouco, todavia, teme ou hesita o MPF em desagradar quem quer que seja, quando trabalha para o cumprimento da lei e promove a justiça", afirmou.
"O procurador-Geral da República assim tem agido em todas as esferas de sua competência, promovendo o combate à corrupção e liderando o Ministério Público Federal na complexa tarefa de defender a sociedade. Se isto incomoda a alguns, que assim seja. O MPF e suas lideranças jamais se intimidarão. Estamos em uma República, e ninguém nela está acima da Lei", concluiu a nota.
(Reportagem de Ricardo Brito)