Por Leonardo Goy
BRASÍLIA (Reuters) - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) usou seu discurso no julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff nesta terça-feira para afirmar que a petista não reconheceu ter cometido erros e para defender que, confirmada a cassação de Dilma, o próximo governo faça reformas estruturantes.
O tucano, derrotado pela petista nas eleições presidenciais de 2014, também criticou o fato de, segundo ele, Dilma ter tentado responsabilizar a oposição pela desestabilização de seu governo em sua fala no Senado na noite de segunda-feira.
“A oposição não é responsável pelo crime cometido”, disse Aécio em seu discurso.
O tucano apontou, ainda, que as chamadas pedaladas fiscais, manobras que podem levar Dilma a ser condenada por crime de responsabilidade, tiveram como efeito a perda da credibilidade do país.
“A consequência mais perversa desses atos são os 12 milhões de desempregados”, disse Aécio, que voltou a acusar Dilma de ter mentido na campanha eleitoral de dois anos atrás.
"Foram os brasileiros, sim, que nas ruas disseram que este governo não tinha mais legitimidade para nos governar porque venceu as eleições com inverdades e com ilegalidades e continuou governando cometendo crimes", disse.
"Agora é hora de nós olharmos para frente, termos generosidade para com os brasileiros, principalmente aqueles que menos têm, e pensarmos no dia de amanhã, no dia seguinte. O Brasil precisa de um conjunto de reformas estruturantes que demandarão do próximo governo coragem, ousadia e determinação."
Aécio foi o 24º senador a discursar, de um total de 66 que vão se manifestar. A previsão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que preside o julgamento, é de que a fase de debates se encerre por volta das 2h30 da madrugada de quarta-feira.
A sessão deve ser retomada na manhã da própria quarta-feira para a votação final do processo de impeachment que selará o destino de Dilma.
Se ao menos 54 senadores votarem pela condenação da petista por crime de responsabilidade, Dilma será cassada e o presidente interino Michel Temer assumirá a Presidência efetivamente.