Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu abrir um novo inquérito contra o presidente Michel Temer sob a suspeita, a partir da delação de executivos da J&F, de que ele possa estar envolvido num esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na edição de um decreto que mudou regras portuárias, afirmou uma fonte com conhecimento do caso à Reuters.
No pedido de abertura de inquérito, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, diz que interceptações de conversas telefônicas, autorizadas pelo STF, indicaram que o ex-assessor especial de Temer Rodrigo Rocha Loure teria atuado no governo para garantir a edição do decreto a fim de prorrogar os contratos de concessão e arrendamento portuários, o que era defendido pela Rodrimar.
Para Janot, há indícios de cometimento de crimes nos diálogos, porque a edição do decreto por Temer contemplou, ao menos em parte, os interesses da empresa.
A íntegra da decisão de Barroso ainda não foi divulgada.
Na semana passada, a Reuters antecipou que o ministro Edson Fachin havia deixado a relatoria desse caso e pedido para que a presidente do STF, Cármen Lúcia, redistribuísse a apuração preliminar aberta.
No final de junho, no mesmo dia em que ofereceu denúncia contra Temer por corrupção passiva, Janot pediu a abertura de um novo inquérito contra o presidente e Rocha Loures para investigar a suspeita de pagamento de propina a ambos para edição do decreto que interessava à empresa Rodrimar S/A.