Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - A Justiça do Paraná atendeu pedido de procuradores da força-tarefa da operação Lava Jato e determinou a prisão preventiva do ex-governador Beto Richa (PSDB), citando na decisão indícios suficientes de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
O tucano foi preso em casa às 7h nesta sexta-feira, informou a Justiça Federal do Paraná.
O juiz substituto Paulo Sergio Ribeiro também atendeu a pedido para apreensão de celulares de Richa e quebra de sigilo dos dados armazenados nos aparelhos.
As decisões também valem para o contador Dirceu Pupo Ferreira.
"De acordo com as investigações, o ex-governador Beto Richa
foi beneficiário de pelo menos 2,7 milhões de reais em propinas
pagas em espécie pelas concessionárias de pedágio do Paraná e
por outras empresas que mantinham interesses no governo",
afirmou o Ministério Público Federal do Paraná em comunicado.
"A prisão se mostrou imprescindível em razão da recente
tentativa comprovada de obstrução das investigações pelos
envolvidos. A apuração demonstrou que, em agosto de 2018, a fim
de impedir que o esquema fosse descoberto, Dirceu Pupo Ferreira,
agindo a mando de Beto Richa, procurou um dos corretores de
imóveis que intermediou a negociação de salas comerciais e
solicitou que, caso fosse intimado a depor pela investigação,
ocultasse a existência de pagamentos em espécie por fora",
acrescentou o MPF.
A defesa de Richa afirmou, em nota oficial, que os fatos que levaram à prisão do ex-governador são antigos e foram devidamente esclarecidos por ele. Segundo a defesa, o pedido se lastreia em "ilações do MPF, exclusivamente suportadas em falsas e inverídicas informações prestadas em sede de colaboração premiada, por criminosos confessos".
"Em síntese, a prisão se baseia em fatos absolutamente requentados, carentes de qualquer comprovação e sobre os quais o Supremo Tribunal Federal já decidiu, no sentido de que os mesmos não justificam a decretação de prisão", acrescentou.
O PSDB disse, também em nota, que prefere aguardar os desdobramentos das investigações, mas reiterou "seu apoio e confiança na Justiça brasileira, na expectativa de que o ex-governador Beto Richa consiga provar sua inocência".
No ano passado, em meio à campanha eleitoral, Richa chegou a ser alvo numa investigação estadual sobre suspeita de envolvimento em um esquema de superfaturamento de contratos para manutenção de estradas rurais em troca de propina. Posteriormente foi solto por ordem do Supremo Tribunal Federal, mas não conseguiu se eleger senador pelo Paraná.
(Reportagem adicional de Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)