(Reuters) - O presidente eleito Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira ao ministro do Interior e vice-premiê da Itália, Matteo Salvini, em mensagem no Twitter (NYSE:TWTR), que espera resolver em breve a questão do italiano Cesare Battisti, ex-membro de uma guerrilha de esquerda condenado por assassinatos em seu país.
"Obrigado pela consideração de sempre, senhor ministro do Interior da Itália. Que tudo seja normalizado brevemente no caso deste terrorista assassino defendido pelos companheiros de ideais brasileiros! Conte conosco!", escreveu Bolsonaro em publicação no Twitter.
A afirmação de Bolsonaro foi uma resposta a publicação de Salvini em que o vice-premiê italiano disse que dará "grande mérito" ao presidente eleito se ele ajudar a resolver o impasse envolvendo Battisti.
Salvini tuitou nesta sexta-feira compartilhando notícia sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux de determinar a prisão de Battisti.
Na quinta-feira, Fux revogou uma liminar que concedera no ano passado impedindo a extradição de Battisti e afirmou que cabe ao presidente da República decidir o destino do italiano, segundo reportagens.
A Polícia Federal considera Battisti foragido por estar em "local incerto", de acordo com o portal de notícias G1.
Durante a campanha presidencial, Bolsonaro prometeu repetidas vezes extraditar Battisti "imediatamente" se fosse eleito.
O futuro ministro da Secreteria de Governo indicado por Bolsonaro, general Carlos Alberto Santos Cruz, disse nesta sexta-feira que a próxima administração federal vai seguir a decisão judicial do STF.
"A Justiça se pronunciou de novo e vamos seguir a Justiça", disse Santos Cruz a repórteres ao ser questionado sobre o assunto em Brasília. "A Justiça decide e a política tem que cumprir".
Santos Cruz acrescentou que pessoalmente considera a discussão política sobre a extradição "um desgaste desnecessário" para um país como o Brasil com "tanto problema", apontando como única solução acatar a decisão judicial.
A extradição de Battisti é há muito tempo solicitada pela Itália. O ex-guerrilheiro enfrenta pena de prisão perpétua em seu país natal, onde foi condenado por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, quando pertencia ao grupo Proletários Armados pelo Comunismo. Ele escapou da prisão em 1981 e morou na França antes de seguir ao Brasil para evitar ser extraditado para a Itália.
Desde então, Battisti quase foi extraditado em 2010, mas recebeu o status de asilado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final de seu mandato.
Em outubro do ano passado, Battisti foi detido em Corumbá (MS), cidade próxima à fronteira com a Bolívia, carregando dólares e euros em espécie, numa indicação de que poderia estar planejando uma fuga do país, o que levou a Itália a reiterar seu pedido ao governo brasileiro pela extradição.
Battisti, no entanto, foi solto por ordem da Justiça e responde ao processo em liberdade, sob algumas medidas restritivas.
(Por Maria Clara Pestre, no Rio de Janeiro; Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello, em Brasília)