RIO DE JANEIRO (Reuters) - O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, disse neste sábado que as propostas de seu adversário na disputa pelo Palácio do Planalto, Fernando Haddad (PT), não devem ser levadas em conta, já que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é quem estaria no comando de um eventual governo petista.
"Não adianta você ter boas propostas, como ele deve ter, mas (que) após uma possível eleição não serão colocadas em prática porque quem vai escalar é o Lula”, disse a jornalistas na casa do empresário Paulo Marinho, na zona sul do Rio de Janeiro, onde foi gravar programas eleitorais de rádio e TV.
Bolsonaro destacou que o povo já sabe o que o PT pode oferecer depois de a legenda ficar anos no poder com Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff. E quis marcar um contraponto ao afirmar que não tem "obsessão pelo poder".
Haddad já afirmou que as propostas que defende estão no programa de governo que ele foi coordenador quando Lula ainda era o candidato do PT. O ex-presidente teve sua candidatura barrada com base na Lei da Ficha Limpa.
O ex-capitão também não descartou a possibilidade de participar de debates antes do segundo turno das eleições, após sua junta médica ter dito que ele só teria condições de fazê-lo depois da próxima quinta-feira, enquanto se recupera de facada sofrida em um ato de campanha em Minas Gerais.
"Se eu for a um debate, eu e ele, sem interferência externa, estou pronto para comparecer", disse.
Ele repetiu que, caso eleito, não vai aceitar indicações políticas para cargos-chave do governo. Também reforçou aguardar providências do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para evitar irregularidades e problemas na votação do segundo turno.
"Minha grande preocupação é com as falhas que ocorreram no primeiro turno nas sessões eleitorais... espero que o TSE tome providências porque houve uma enxurrada de reclamações", disse.
MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO
Bolsonaro também voltou a dizer que, se eleito, pretende apresentar emendas à Constituição, mas que é contra a convocação de uma Assembleia Constituinte.
"Somos escravos da Constituição", afirmou ele, reiterando mensagem que vem martelando para desfazer temores de que não respeitará o sistema democrático após seu colega de chapa, o general da reserva Hamilton Mourão, ter dito ser favorável à realização de uma Constituinte com a presença de pessoas não eleitas pelo voto.
"Apresento emendas e se o Parlamento concordar tudo bem. Agora Constituinte, não", acrescentou Bolsonaro.
(Por Rodrigo Viga Gaier; Edição de Marcela Ayres)