RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente do PSL, Gustavo Bebianno, confirmou nesta sexta-feira que o candidato do partido à Presidência, Jair Bolsonaro, não pretende conceder entrevista coletiva após a apuração dos resultados do segundo turno da eleição ao Palácio do Planalto, no domingo, "por questão de segurança", mas deve fazer um pronunciamento transmitido pela televisão.
Segundo Bebianno, existe uma previsão de que até 500 mil pessoas ocupem a orla da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, em frente à casa de Bolsonaro no dia eleição, o que levaria a polícia a fechar as ruas.
Questinado por repórteres porque de um pronunciamento de Bolsonaro a emissoras de TV em vez de uma entrevista coletiva sobre o resultado da eleição, Bebianno afirmou: "Por questão de segurança“, sem fornecer mais detalhes.
Bolsonaro não tem participado de eventos públicos de campanha nem compareceu a debates com o adversário Fernando Haddad (PT) citando como principal causa preocupação com sua segurança após ter sido esfaqueado em um ato de campanha em Juiz de Fora (MG) no mês passado.
O capitão da reserva do Exército passou por duas cirurgias e ficou mais de 20 dias internado devido às lesões sofridas no ataque. Em vídeo divulgado na quinta-feira, o general Augusto Heleno, indicado como futuro ministro da Defesa se Bolsonaro for eleito, disse, sem fornecer evidências, que o presidenciável não iria comparecer a debates por ameaça de ele ser alvo de um "atentado terrorista" que estaria sendo articulado por uma "organização criminosa".
PESQUISAS E OEA
Na entrevista nesta sexta-feira, o presidente do PSL também comentou números do levantamento Datafolha divulgado na quinta-feira, em que o presidenciável do PSL apareceu com 56 por cento dos votos válidos contra 44 por cento de Haddad.
“Continuamos não acreditando nas pesquisas, principalmente no Datafolha, nem na Folha de S.Paulo”, disse. Nesta manhã, pesquisa do instituto Paraná Pesquisas mostrou Bolsonaro com 60,6 por cento dos votos válidos, contra 39,4 por cento.
Bebianno também rebateu as críticas feitas pela Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a onda de notícias falsas nas eleições brasileiras e disse que considera a entidade de esquerda e com baixa credibilidade.
Para Bebianno, quem produziu notícias falsas nas eleições foi a campanha de Haddad e não do presidenciável do PSL.
“Ela está falando de quem? Ela tem que falar do PT. Nós não produzimos fake news. Ela está falando do PT. Mas como ela é esquerdista, então ela não fala do PT. Ela vai lá, acariciar. A OEA tem zero credibilidade para a gente”, disse Bebianno a jornalistas.
Enquanto a campanha de Bolsonaro acusa seu adversário de propagar fake news, Haddad acusa o deputado do mesmo.
Na véspera, a chefe da missão da OEA que está acompanhando as eleições no Brasil, Laura Chinchilla, disse que o uso de notícias falsas para mobilizar eleitores brasileiros pode não ter precedentes, em razão do uso do WhatsApp para isso.
O presidente do PSL, lembrou que a OEA não reconheceu supostas fraudes na eleição de Dilma Rousseff (PT) em 2014 , que venceu com margem apertada o senador Aécio Neves (PSDB).
“A OEA não reconhece o que aconteceu em 2014. Os peritos que trabalharam para o PSDB não puderam fazer seu trabalho. O TSE não deixou, não permitiu. Isso tem laudo comprovando isso", disse.
Para Bebianno, a OEA "finge que está tudo bem", quando o Brasil tem um sistema eleitoral "que não está envolto pela transparência, pelo princípio da transparência".
O presidente do PSL fez questão de marcar diferença em relação a sua visão e a dos organismos internacionais sobre direitos humanos.
“Precisamos rever questão dos direitos humanos que tem que ser em primeiro lugar para vítimas e de bem: no segundo plano as pessoas que matam. Um ser humano normal não pode ver alguém sofrer... tem que se priorizar as vítimas e não os agressores”, afirmou.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)