BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse na quinta-feira que fará tudo que for possível para “restabelecer a ordem e a democracia” na Venezuela, enquanto o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, recebeu líderes da oposição venezuelana.
O governo Bolsonaro disse no sábado reconhecer o político de oposição Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, como o presidente legítimo da Venezuela, embora o próprio Guaidó não tenha se autoproclamado presidente.
O presidente da Venezuela, o socialista Nicolás Maduro, deu início a um novo mandato na semana passada sob forte crítica internacional, com governos por todo o mundo o descrevendo como um líder ilegítimo cujas políticas levaram o país a sua pior crise econômica.
"Continuaremos fazendo tudo o possível para restabelecer a ordem, a democracia e a liberdade”, disse Bolsonaro em vídeo, aparecendo do lado do chefe da Suprema Corte da Venezuela, Miguel Ángel Martin, que foi indicado pela oposição e vive em exílio.
“A gente pede ao povo da Venezuela resistência, muita fé, e eu acredito que a solução virá brevemente”, disse Bolsonaro no vídeo divulgado por seu gabinete.
Na semana passada, Guaidó, parlamentar do partido oposicionista Vontade Popular, disse estar pronto para assumir interinamente a Presidência e convocar eleições, mas que só o faria com o apoio das Forças Armadas.
Desde que tomou posse em 1º de janeiro, Bolsonaro tem intensificado as críticas contra o governo Maduro, principal inimigo dos Estados Unidos na América Latina.
Um representante do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, que tem dito que a Venezuela deve ser suspensa da OEA, também participou da reunião.
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, passou a manhã reunido com um grupo de líderes da oposição venezuelana, liderado pelo ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma, para analisar a situação e a preparação de Guaidó para assumir como presidente interino, segundo comunicado do Itamaraty.
O Ministério da Informação da Venezuela não respondeu de imediato a pedido por comentário.
A reunião também abordou ideias de “ações concretas” para restabelecer a democracia na Venezuela, disse o comunicado, sem fornecer mais detalhes.
Os líderes da oposição venezuelana disseram que 300 mil pessoas estão morrendo de fome e mais de 11 mil recém-nascidos estão morrendo todos os anos devido à falta de medicamentos no que descreveram como um “genocídio silencioso perpetrado pela ditadura de Maduro”, segundo comunicado.
Maduro, que diz que uma “guerra econômica” liderada pelos Estados Unidos está tentando derrubá-lo, tem até agora desfrutado de consistente apoio das Forças Armadas do país.
(Reportagem de Anthony Boadle)