Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O capital político que o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, vai conquistar na eleição será usado para promover as reformas estruturais que o país precisa já no ano que vem, disse à Reuters na quinta-feira o presidente do partido, Gustavo Bebianno.
”Temos que matar as reformas no primeiro ano”, resumiu.
Ele citou a reforma da Previdência como prioritária para evitar uma pane fiscal, mas acha que há espaço para fazer outras, como a tributária, no primeiro ano de governo.
“A reforma da Previdência tem que ser atacada, se não estamos rumo ao desfiladeiro", disse Bebianno à Reuters. "E tem também a tributária e atacar a infraestrutura, que o país está precisando.”
Ao ser questionado sobre a necessidade de se fazer uma reforma política, o presidente do PSL disse que “acha que ela não vai ser mexida num primeiro momento”.
À TV Record Bolsonaro havia dito que gostaria de apresentar as reformas já em janeiro.
O presidente do PSL confirmou que o eventual governo de Bolsonaro terá quatro ou cinco generais em ministérios, mas garantiu que isso não representará um governo com viés militar.
“Zero de chance isso de governo militar. Jair Bolsonaro tem mais tempo de Congresso do que no Exército”, disse. “Vai ter um equilíbrio ali com quatro ou cinco (militares)... o que não há é definição de que haverá um ministério com militares em sua maioria.“
ESPAÇO PARA CRESCER
Para Bebianno, o presidenciável tem potencial para crescer mais nas pesquisas e ampliar a vantagem sobre o adversário Fernando Haddad (PT).
Segundo ele, o levantamento do Datafolha de quarta-feira, que mostrou Bolsonaro com 58 por cento dos votos válidos, 16 pontos à frente de Haddad, “agora já está um pouquinho mais próximo da realidade".
“Acreditamos que nossa vantagem ainda é um pouco maior e tem potencial (para aumentar)”, acrescentou.
Bebianno aposta numa migração voluntária de eleitores de outros candidatos do primeiro turno para que Bolsonaro seja eleito no segundo turno com larga vantagem sobre o petista.
O presidente do PSL aproveitou para rebater as críticas de Haddad, que insinua que Bolsonaro está fugindo dos debates no segundo turno. Em tom de ironia, sugeriu que Bolsonaro poderia debater na prisão onde o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva se encontra desde abril. "E o Jair da enfermeira contra o Lula da prisão.“
Bolsonaro se recupera de uma facada e só deve estar liberado para atividades de campanha a partir da próxima quinta-feira.