Brasília, 20 jan (EFE).- O presidente Jair Bolsonaro chegará na segunda-feira ao Fórum Econômico Mundial de Davos, onde fará a sua estreia internacional e apresentará "um Brasil diferente" com uma agenda baseada em reformas econômicas, luta anticorrupção e livre-comércio sem distinções ideológicas, segundo ele.
Bolsonaro será uma das principais atrações na cidade alpina suíça em meio às ausências de outros líderes como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump; o presidente da França, Emmanuel Macron; e a primeira-ministra britânica, Theresa May, entre outros.
Pelas redes sociais, Bolsonaro já antecipou que passará a imagem de um país "diferente", "livre das amarras ideológicas e da corrupção generalizada".
"Mostrarei nosso desejo de fazer comércio o mundo todo, prezando pela liberdade econômica, acordos bilaterais e saúde fiscal", completou o governante. Também está previsto que Bolsonaro faça um pronunciamento em defesa da democracia.
Acompanharão o presidente os ministros da Economia, Paulo Guedes; de Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro; das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; e um de seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Guedes deverá expor as principais linhas do seu plano econômico, sustentado em reformas estruturais, privatizações e contenção dos gastos públicos.
Nessa missão de reduzir o grande e crônico déficit fiscal, o governo apresentará diante dos líderes mundiais o esboço da reforma da Previdência que pretende levar ao Congresso em meados de fevereiro.
Até o momento foram divulgados poucos detalhes do projeto, mas já se sabe que Bolsonaro aproveitará grande parte do texto que o ex-presidente Michel Temer tentou aprovar, sem sucesso, e no qual se estabelece uma idade mínima.
Guedes pretende incluir a criação de um regime de capitalização individual, similar ao adotado pelo Chile, no qual cada trabalhador financia a própria aposentadoria com o que consegue acumular ao longo dos anos de contribuição.
O combate à corrupção será outra das bandeiras defendidas por Bolsonaro em Davos, esta compartilhada com Moro, que até o ano passado era o juiz federal à frente da operação Lava Jato.
A grave crise na Venezuela também deve ser abordada pelo presidente brasileiro, que nesta semana se reuniu em Brasília com os principais líderes da oposição ao governo de Nicolás Maduro. Bolsonaro prometeu a eles que o Brasil fará "todo o possível para que a democracia seja restabelecida" no território venezuelano.
A delegação brasileira também contará com o chanceler Ernesto Araújo, adversário declarado do globalismo. Bolsonaro também desconfia das grandes alianças globais, prova disso são as críticas feitas ao Acordo de Paris - embora tenha optado por permanecer nele -, e ao recém-aprovado pacto migratório da ONU, do qual decidiu retirar o Brasil.
Eduardo Bolsonaro também acompanhará o seu pai nos assuntos de política externa, como já fez durante o período de transição, quando viajou sozinho aos Estados Unidos e ao Chile.
Durante a ausência de Jair Bolsonaro, o vice-presidente, Hamilton Mourão, ficará a cargo da Presidência. Esta será a primeira vez desde a ditadura militar que haverá um general, mesmo que da reserva, como presidente em exercício do Brasil.