BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tenta a reeleição ao comando da Casa, afirmou nesta quinta-feira ter o perfil de equilíbrio e a capacidade de diálogo necessários em um momento de radicalização e crise no país.
Para ele, a eleição para a presidência da Câmara é a “síntese” de uma disputa democrática e não é o caso de se discutir se há um deputado “melhor” que outro ou que mereça o cargo mais que outro. Trata-se de discutir o perfil do próximo presidente da Casa.
“Eu tenho meu perfil que o Parlamento e o Brasil já conhecem: equilíbrio, capacidade de diálogo, de conversar com todas as correntes político-ideológicas e construir no plenário o mínimo de capacidade de votação”, disse o parlamentar a jornalistas ao chegar para a abertura do Encontro Parlamentar da 56º Legislatura.
“Nós vivemos um momento de alguma radicalização. O Parlamento vai ser a Casa que vai trazer essa radicalização para um ponto de equilíbrio. E para isso que é importante a eleição para presidente da Câmara.”
Questionado sobre o acordo com partidos para viabilizar sua candidatura –bancadas numerosas, como a do PSL, de Jair Bolsonaro, e o MDB, entre outras, manifestaram apoio ao deputado do Rio de Janeiro– Maia reconheceu que é necessário conversar com cada um dos parlamentares.
“Nada supera a relação pessoal entre um candidato... com cada um dos deputados”, disse o presidente.
“O apoio dos partidos é importante, é uma honra receber cada um dos apoios, a confiança de cada um. Mas isso não garante nenhum voto no plenário. O que garantirá votos no plenário é a capacidade minha, olhando no olho, de pedir os votos e os motivos por que votar no meu nome na noite de amanhã”, afirmou.
Favorito na disputa pela presidência da Casa, Maia aproveitou para voltar a defender a aprovação da reforma da Previdência, e reforçou o tema em discurso, em tom de campanha, a deputados no evento. Para ele, a sociedade depositada grande expectativa no momento, o que traz mais responsabilidade aos parlamentares.
“Há uma esperança muito grande da sociedade brasileira neste momento, talvez só superada pela eleição de 1986 com a redemocratização e com a nova Constituição brasileira”, disse.
“Todos temos que compreender o momento de dificuldade que o Brasil vive, uma crise ética, uma crise econômica brutal, o desemprego cai muito pouco, sobre a informalidade quando o emprego cai. A extrema pobreza continua na ordem de 15 milhões de brasileiros. A nossa responsabilidade é muito grande e se nós não reformarmos o Estado brasileiro, não tratarmos tais despesas, não adianta pensar em investimento”, disse a jornalistas.
No discurso aos deputados, Maia afirmou ainda que um presidente da Câmara precisa estar aberto ao diálogo e também às especificidades de cada deputado, não só de sua bancada. Para ele, é necessário entender a “realidade”, os “desejos” e as “demandas” de cada um.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)