CARACAS (Reuters) - A Venezuela acusou a França nesta quarta-feira de se unir a uma campanha "imperialista" depois que o presidente francês, Emmanuel Macron, retratou o muito criticado governo socialista como ditatorial.
Somando-se às críticas de Washington, da Organização das Nações Unidas (ONU) e de grandes nações latino-americanas, na terça-feira Macron qualificou o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, como "uma ditadura tentando sobreviver ao custo de um drama humanitário inédito".
Muitos países estão revoltados com o fato de Caracas ter anulado o Congresso de maioria opositora, reprimido protestos, prendido centenas de adversários e barrado a entrada de uma ajuda humanitária que amenizaria a crise econômica grave da nação.
Autoridades dizem que líderes opositores locais querem depor Maduro em um golpe com apoio dos Estados Unidos, mas que sua nova Assembleia Constituinte garantirá a paz.
"Comentários como este são um ataque às instituições venezuelanas e parecem formar parte da obsessão imperialista permanente de atacar nosso povo", disse o governo em um comunicado respondendo a Macron.
"As afirmações do chefe de Estado francês mostram uma profunda falta de conhecimento sobre a realidade da Venezuela, cujo povo vive em completa paz", disse o comunicado.
O texto acrescentou que a Constituinte e as próximas eleições estaduais demonstraram a saúde da democracia local.
Líderes da fragmentada coalizão oposicionista boicotaram a eleição da Constituinte em 30 de julho, classificando-a como uma afronta à democracia.
Eles pedem uma eleição presidencial antecipada que Maduro provavelmente perderia, já que sua popularidade despencou juntamente com a economia, assolada por uma inflação de três dígitos e pela escassez de alimentos.
Macron serviu no governo socialista do ex-presidente francês François Hollande, mas o ex-banqueiro de investimentos prometeu reformular o sistema no qual surgiu.
(Por Andrew Cawthorne em Caracas e Sudip Kar-Gupta em Paris)