BRASÍLIA (Reuters) - O advogado de defesa da presidente afastada Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, reafirmou nesta terça-feira durante o julgamento do impeachment no Senado que a acusação contra a petista referente aos decretos de crédito suplementar sem autorização do Congresso é frágil e foi construída para o processo de impedimento em curso.
Ao apresentar os argumentos da defesa, o ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União afirmou também que as chamadas "pedaladas fiscais" nos repasses do Tesouro ao Banco do Brasil (SA:BBAS3) para o Plano Safra não representam uma operação de crédito e não tinham prazo para serem realizados.
Cardozo iniciou sua fala relembrando que esse é o segundo julgamento enfrentado por Dilma, depois que foi presa na juventude durante a ditadura militar, assim como a própria presidente afastada fizera na véspera em seu depoimento no Senado.
O advogado de defesa também reiterou os ataques ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável por aceitar o pedido de impeachment contra Dilma. Segundo Cardozo, o deputado suspenso tornou-se vértice de dois agrupamentos, os ressentidos com a derrota eleitoral em 2014 e os que queriam parar a operação Lava Jato.
Segundo ele, o processo de impedimento teve início no minuto seguinte à eleição de 2014 em que Dilma foi reeleita.
Cardozo também afirmou aos senadores que, se querem julgar Dilma pelo chamado conjunto da obra de seu governo, que aceitem a proposta da presidente afastada de convocar um plebiscito sobre a antecipação das eleições de 2018.
O advogado concluiu sua apresentação fazendo um apelo aos senadores para que não aceitem que o país sofra um golpe parlamentar.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)