Investing.com - A divisão da receita arrecadada com o futuro leilão da Cessão Onerosa e a securitização das dívidas dos estados só serão votadas após a aprovação da reforma da Previdência. A informação é do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que pretende usar as propostas como forma de organizar a bancada dos estados.
Com o controle da pauta da Câmara, Maia descarta dar um alívio financeiro aos estados antes de que haja a aprovação de reformas estruturantes como a Previdência.
“Se a reforma não for aprovada teremos quase toda a federação com dificuldade de pagar salário”, avalia o presidente da Câmara em evento com empresários promovido pelo BTG Pactual (SA:BPAC11) em São Paulo. “Temos que trazer a esquerda pelos governadores do Nordeste”, completou.
Erros na condução
O governo tem errado na condução da comunicação da reforma da Previdência por não ter organizado as redes sociais, avalia Maia. Segundo ele, os apoiadores do governo estão sem discurso organizado para apoiar o projeto da reforma apresentada pelo governo.
“A comunicação tem que ser mais rápida a guerrilha precisa existir. Quem é contra parte para o jogo pesado”, afirma, dando prosseguimento ao que falou ontem ao jornal Valor Econômico e no evento organizado pela FGV e a Folha de S.Paulo.
Maia não se arriscou a confirmar o tamanho da base do governo. “Não tem como saber quantos votos o governo tem hoje”, disse.
"Se fosse votar a reforma da Previdência hoje na CCJ, perderia", avalia Rodrigo Maia sobre a Comissão que vai avaliar a proposta enviada pelo governo, cuja previsão de início dos trabalhos é depois do Carnaval.
A reforma deve chegar ao plenário da Câmara no final de maio e início de junho. "A data não é tão importante ... A pressa pode derrotar a reforma", acredita.
Outro erro é a proposta de mudança no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na Previdência rural. Maia defende renegociar esses temas mais complexos em um outro momento para evitar contaminar. “BPC não é bode na sala. Com redes sociais, hoje o bode contamina a sala inteira”, disse.
Autonomia do Banco Central
Maia também abordou sobre a votação em plenário para a autonomia do Banco Central. "Temos maioria e não vejo problema em organizar uma base para aprovar a autonomia do Banco Central antes da Previdência", afirma Rodrigo Maia.
O tema também foi abordado hoje pelo presidente indicado do Banco Central, Roberto Campos Neto, em sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado Federal. Campos Neto defendeu a autonomia como passo importante para que a política monetária "dependa menos de pessoas".
Mais informações em instantes