(Reuters) - O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) suspendeu os depoimentos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua esposa, Marisa Letícia, dariam nesta quarta-feira a um promotor de São Paulo em um inquérito que apura suspeitas de lavagem de dinheiro por meio de um apartamento tríplex no Guarujá, litoral do Estado.
O conselheiro do CNMP Valter Shuenquener de Araújo determinou, em decisão liminar proferida na noite de terça-feira, que os depoimentos de Lula e Marisa sejam suspensos até que o plenário do órgão de controle administrativo do Ministério Público delibere sobre alegação de irregularidades cometidas pelo promotor que ouviria o ex-presidente.
Segundo representação ao Conselho feita pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP), o promotor Cássio Conserino fez um prejulgamento ao antecipar seu juízo e anunciar à imprensa que indiciaria Lula e Marisa por ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro mesmo antes de ouvi-los.
"Não é recomendável a manutenção de ato a ser presidido pelo requerido designado para amanhã sem que antes o plenário deste Conselho possa apreciar as alegações de ofensa ao princípio do promotor natural no âmbito do Ministério Público do Estado de São Paulo", disse Araújo em sua decisão.
A manutenção do depoimento poderia até mesmo resultar na futura nulidade no âmbito penal, de acordo com o conselheiro.
Lula e seus familiares são suspeitos de terem sido os proprietários de um apartamento tríplex no condomínio Solaris, no Guarujá, que é alvo de investigações do Ministério Público Federal por alegações de que unidades do prédio teriam sido usadas para lavagem de dinheiro do pagamento de propina pela construtora OAS, que fez a obra e é uma das investigadas pela operação Lava Jato.
O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, nega que o ex-presidente ou familiares deles sejam ou tenham sido em algum momento proprietários de um apartamento no condomínio Solaris.
De acordo com o defensor do ex-presidente, Lula e seus parentes tiveram uma cota do empreendimento, adquirida junto à cooperativa habitacional dos bancários, a Bancoop, mas optaram pelo resgate do valor da cota em vez de adquirir o imóvel.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)