BRASÍLIA (Reuters) - A Câmara dos Deputados deve retomar a discussão da Previdência assim que for liquidada a batalha da denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva, avalia o vice-líder do governo na Casa Beto Mansur (PRB-SP), e a reforma precisa ser votada entre agosto e setembro ou perderá a chance de ser concluída pelo Congresso neste ano.
A aposta é que a pressão sobre o governo deve reduzir após a votação da autorização da denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra Temer por crime de corrupção passiva, marcada para 2 de agosto. A ideia, segundo Mansur, é vencer essa votação, focar na agenda de reformas --tendo a da Previdência como prioridade-- e minimizar eventuais novas denúncias contra o presidente.
"Temos que votar a reforma da Previdência entre agosto e setembro ou não dá mais tempo", disse o deputado à Reuters.
"Por isso que a gente está trabalhando no sentido de votar a denúncia rápido e tocar a agenda", afirmou, citando a reforma política como outro tema que deve ganhar atenção da Câmara nos próximos dias.
São necessários os votos de 342 dos 513 deputados para autorizar que o Supremo Tribunal Federal (STF) analise a acusação e Mansur garante que o governo tem apoio mais do que suficiente para impedir essa autorização.
Para o deputado, que faz um monitoramento constante do posicionamento dos deputados, um bom resultado na votação da denúncia pode ajudar a angariar votos para a reforma da Previdência. Não se pode, no entanto, considerar que o comportamento dos parlamentares será idêntico nas duas votações.
Ainda pode haver resistência entre integrantes da base ao texto produzido pela comissão especial que analisou as mudanças nas regras de aposentadoria. O vice-líder, aliás, não descarta flexibilizações na Proposta de Emenda à Constituição (PEC), mas ressalva que "isso é uma coisa que o governo não quer nem ouvir falar". Por ora, o Planalto mantém a intenção de aprovar o texto que saiu da comissão.
Segundo uma estimativa do deputado, se a Câmara aprovar ao menos a idade mínima, o tempo de contribuição e a regra de transição, terá uma economia em 20 anos de cerca de 50 por cento do inicialmente previsto no texto original.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello, Lisandra Paraguassu, Ricardo Brito e Anthony Boadle)