Por Leonardo Goy
BRASÍLIA (Reuters) - A participação do DEM no provável governo Michel Temer (PMDB) será discutida diretamente entre o vice-presidente da República e a cúpula do partido, disseram à Reuters dois caciques da legenda.
Os interlocutores para a negociação serão o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), e os líderes do partido na Câmara, Pauderney Avelino (AM), e no Senado, Ronaldo Caiado (GO).
A questão deve ser tratada até o fim da próxima semana, “quando Temer nos chamar para conversar”, disse uma das fontes, que falou sob a condição de anonimato.
A ideia da discussão ocorrer diretamente com a cúpula do partido é garantir que a relação do DEM com o novo governo seja “institucional”.
“Não vai haver conversa com uma ou outra pessoa em particular. O diálogo é com o partido”, disse.
Ambas as fontes disseram que não foi tratado ainda qual pasta poderia ser destinada ao DEM, partido que está fora da administração federal desde o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Durante todos os governos petistas, o DEM formou, juntamente com o PSDB, a linha de frente da oposição.
Apesar de as fontes no partido ressaltarem que não está se falando em ministérios específicos ainda, nos bastidores circulam informações de que o partido poderia ocupar pelo menos uma pasta na gestão Temer.
Uma dessas possibilidades seria o Ministério de Minas e Energia, que já foi comandado pelo partido no governo Fernando Henrique.
Temer assumirá a Presidência da República interinamente se o Senado confirmar a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. O afastamento temporário da petista poderá ser definitivo se ela for condenada pelo Senado.
PMDB
Outra frente de negociações em torno da formação de um governo Temer é a que busca a “unificação do PMDB”, disse à Reuters um importante parlamentar do partido.
Na votação da Câmara, parte da bancada do partido votou contra o impeachment de Dilma, que beneficiaria diretamente a Temer, presidente licenciado do PMDB.
Além disso, alguns ministros filiados ao partido continuaram no cargo mesmo após o PMDB decidir pelo desembarque e só deixaram os ministérios após a aprovação do impeachment na Câmara, como é o caso dos ex-ministros Eduardo Braga (Minas e Energia) e Marcelo Castro (Saúde).
“Temos agora de unificar o PMDB, que será o principal partido do eventual novo governo”, disse o parlamentar.
(Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu)