Investing.com - Davi Alcolumbre (DEM-AP) venceu a disputa com Renan Calheiros e será o presidente do Senado até 2021, impondo uma dura derrota ao senador de Alagoas. O demista contava com forte apoio do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e será responsável por colocar em pauta a agenda política de Bolsonaro.
Alcolumbre recebeu 42 votos, um a mais do que a maioria absoluta dos 81 senadores.
A polêmica contabilidade dos votos resumiu o tumulto que se estabeleceu desde a sessão de sexta-feira (1º), que acabou suspensa após o clima entre os senadores azedar com uma disputa entre os que apoiavam o voto aberto e os que defendiam o voto fechado. A leitura era que o voto fechado seria benéfico a Renan Calheiros, que enfrenta denúncias na Justiça, mas é tido como um defensor da casa e dos senadores contra investigações e interferência de outros poderes.
Neste sábado, após a abertura das urnas pela primeira vez foi verificada a presença de duas cédulas avulsas, sem envelope. Essas, se somadas aos 80 envelopes, contabilizariam 82 votos, número maior do que os 81 senadores. Com o impasse, o Senado decidiu por uma nova votação.
Antes que a segunda rodada de votação fosse concluída, Renan Calheiros decidiu retirar seu nome da disputa alegando que o processo "não é democrático" após o PSDB e Flavio Bolsonaro abrirem seus votos. Ontem, Calheiros e o tucano Tasso Jereissati discutiram asperamente e foram separados para evitar que fossem às vias de fato.
Voto aberto em cédulas
Nesta madrugada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, determinou que a votação fosse secreta e comandada por Maranhão - na véspera o senador Davi Alcolumbre presidiu a sessão.
A decisão de Toffoli contrariou votação no Senado, que com 50 votos a favor havia confirmado que a eleição dos membros da Mesa Diretora seria aberta. A orientação foi vista uma derrota do senador Renan Calheiros, que trabalhou para garantir a votação secreta.
Os senadores votaram em cédulas de papel após acordo para que cada parlamentar pudesse divulgar seu voto se desejasse. Os apoiadores de Davi Alcolumbre majoritariamente abriram seus votos e exibiram suas células.
Governo dividido
A disputa no Senado também marcou uma divisão dentro do próprio Executivo. Renan contava com o apoio velado de Paulo Guedes, ministro da Fazenda, que acreditaria em parlamentares experientes para avançar com uma pauta impopular. Alcolumbre, contudo, era abertamente apoiado pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, enquanto Bolsonaro tentou se manter equidistante das duas principais candidaturas.
Disputaram o cargo os senadores Ângelo Coronel (PSD-BA), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Fernando Collor (Pros-AL), Esperidião Amin (PP-SC), Renan Calheiros (MDB-AL) e Reguffe (sem partido-DF). Mais cedo, desistiram Alvaro Dias (Podemos-PR) e Major Olímpio (PSL-SP) para apoiar Alcolumbre.
Com Reuters e Agência Brasil