Por Nick Tattersall e Ercan Gurses
ANCARA (Reuters) - Demonstrando euforia, o presidente turco, Tayyip Erdogan, qualificou, nesta segunda-feira, o retorno de seu partido de raiz islamita AK ao controle único do governo como um voto pela estabilidade, e disse que o mundo tem que respeitar o resultado da eleição, mas seus adversários temem que a vitória leve a um maior autoritarismo e polarização no país.
Na eleição geral de domingo o desempenho do AK contrariou as pesquisas e até mesmo as expectativas de seus estrategistas. O partido consolidou o apoio da direita e recuperou a maioria parlamentar, que irá reforçar o controle do poder por Erdogan.
O resultado foi um triunfo pessoal para o aguerrido líder, que apesar de estar constitucionalmente acima da política partidária, por ser chefe de Estado, foi o responsável por moldar o comitê executivo do AK e seus candidatos parlamentares no período que antecedeu a votação.
O AK conseguiu 317 dos 550 assentos no Parlamento, apenas 13 a menos que o necessário para a aprovação de um referendo nacional sobre mudanças constitucionais, nas quais Erdogan pretende criar um sistema presidencial no país, concedendo-lhe plenos poderes executivos.
"A vontade nacional se manifestou em 1 de novembro em favor da estabilidade", disse Erdogan em comentários a repórteres depois de rezar em uma mesquita em Istambul. "Vamos ser um só, seremos irmãos e todos seremos uma única Turquia."
A votação ocorreu em um momento crítico para a Turquia no cenário mundial, já que os Estados Unidos dependem das bases aéreas turcas no combate ao Estado Islâmico na Síria e a União Europeia está desesperada por ajuda turca para conter a crescente crise migratória.
(Reportagem adicional de Orhan Coskun e Tulay Karadeniz em Ancara, Daren Butler, em Istambul)