BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro interrompeu a agenda na manhã desta quarta-feira e foi de surpresa à Câmara dos Deputados, a pé, para participar de uma sessão solene em homenagem ao humorista Carlos Alberto de Nóbrega.
Bolsonaro participava de um café da manhã com deputados do partido Novo quando, de acordo com relatos de parlamentares, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, pediu licença para sair mais cedo para ir à sessão da Câmara. Bolsonaro então decidiu ir junto.
O presidente atravessou a pé o trecho da Esplanada dos Ministérios que separa o Palácio do Planalto e o Congresso, acompanhado dos deputados do Novo, de Onyx e do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, e cercado de seguranças e jornalistas.
A visita surpresa causou confusão no plenário da Câmara. A sessão estava sendo conduzida pelo deputado Alexandre Frota (PSL-SP) no momento da chegada de Bolsonaro. Apesar de constar na agenda do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ele raramente comparece a esse tipo de cerimônia. Pela manhã, Maia tinha um café da manhã na residência oficial com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e mais tarde um outro encontro também na residência oficial.
Ao chegar à Câmara, Bolsonaro perguntou sobre Maia e, ao ser informado de que o deputado estaria a caminho, disse que esperaria um pouco antes de voltar ao Planalto.
"Só Rodrigo Maia chegando, que a Casa é dele, já avisamos que estaríamos aqui, apertar a mão dele e voltar para o lado de lá, porque tem muito trabalho lá e vocês também têm aqui", disse Bolsonaro a parlamentares.
A chegada de Bolsonaro fez com que Maia saísse de casa às pressas. Ao entrar no plenário, o presidente da Câmara agradeceu a Alexandre Frota, que já havia lido seu discurso ao homenageado, e ao presidente, por sua presença na Casa, mas não se furtou de reclamar da visita inesperada.
"Ao presidente Bolsonaro, por estar prestigiando mais uma vez a Câmara dos Deputados, com a sua presença fora da agenda, o que desorganiza a nossa agenda também. Eu estava com cinco reuniões, tive que vestir o terno e vir correndo”, disse.
Ao sair do plenário, Maia explicou que não estava confirmada sua presença na sessão solene.
"Mas foi bom, foi bom o presidente vir aqui prestigiar o homenageado, a Câmara, a gente precisa mais disso, mais de diálogo e proximidade do que de conflito", disse, explicando que Bolsonaro lhe telefonou. "O presidente me ligou mais cedo, disse que vinha, mas ele veio rápido demais."
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)