RIO DE JANEIRO (Reuters) - O advogado do presidente Michel Temer, Gustavo Guedes, reafirmou na quinta-feira que Temer participou de um jantar para tratar de doação da Odebrecht para as eleições de 2014, mas voltou a negar que o PMDB tenha recebido dinheiro de caixa dois da empreiteira para campanhas eleitorais partido.
“O presidente Temer deixou muito claro que participou de um jantar, mas que foi um doação legal e declarada”, disse a jornalistas o advogado. “O presidente confirma a tratativa disso (doação) e que houve uma doação da Odebrecht ao PMDB”, acrescentou.
Em depoimento na quarta-feira à Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral no processo em que o PSDB pede a cassação da chapa Dilma-Temer na eleição presidencial de 2014, o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht confirmou o jantar com Temer onde foi tratado de contribuições para a campanha do então vice-presidente, mas garantiu que o tema foi tratado "de forma genérica" e não houve um pedido de doação direto feito por Temer. [nL2N1GE2AK]
Segundo o advogado de Temer, foi uma doação para candidaturas dos PMDB. "Isso é que o estamos dizendo. Nas atuações dele não houve ilicitude... o presidente continua tranquilo“, disse Guedes, após depoimentos de outros ex-executivos da Odebrecht na mesma ação.
Um dos advogados da ex-presidente Dilma Rousseff no processo, Flávio Caetano, também acompanhou o depoimento da quinta-feira dos ex-executivos da Odebrecht no Rio. Ele também negou que a ex-presidente tenha recebido dinheiro de caixa dois da empreiteira.
“Ela jamais pediu qualquer doação que não fosse legal. Não houve nenhuma propina na campanha Dilma-Temer vindo da Odebrecht e, isso foi dito categoricamente pelo Marcelo Odebrecht”, afirmou.
O advogado de Dilma disse esperar que o pedido de cassação da chapa feito pelo PSDB seja considerado improcedente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “O tribunal já reconheceu que nossas contas foram regulares em 2014 e que não houve fraude... as acusações de doações irregulares e despesas irregulares caíram por terra e, se houve, foi parcela ínfima como 0,01 por cento e não se pode cassar uma chapa para tão pouco”, acrescentou.
Em um dos depoimentos de quinta-feira, o ex-presidente da Odebrecht Ambiental Fernando Reis, disse que a empreiteira repassou 4 milhões de reais em recursos de caixa dois para "consolidar" o apoio do PDT à chapa Dilma-Temer nas eleições presidenciais de 2014, disse à Reuters uma fonte que teve acesso ao depoimento. [nL2N1GF29H]
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)