BRASÍLIA (Reuters) - A comissão especial recém-criada pela Câmara dos Deputados para analisar a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff terá como presidente o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), enquanto Jovair Arantes (PTB-GO) será o relator, ambos indicados pela liderança do governo após acordo entre aliados, mas com relação próxima ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Por 62 votos a favor, nenhum contra e 3 abstenções, os integrantes da comissão concordaram com os dois nomes, mas também aprovaram a indicação do tucano Carlos Sampaio (SP) como vice-presidente dos trabalhos.
O acordo para a eleição de Rosso e Arantes foi fechado entre aliados e chancelado em reunião de líderes de bancadas com o presidente da Câmara, com quem os dois deputados têm proximidade.
O governo, partidos da base e outras bancadas menores desconheciam, no entanto, o conteúdo total do acordo, que incluía a eleição de Sampaio para a primeira vice. A segunda vice foi destinada ao deputado Maurício Quintella (PR-AL), e a terceira vice para Fernando Coelho Filho (PSB-PE).
“Com relação aos vice-presidentes, não participamos das tratativas”, declarou o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), pouco antes da eleição.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) destacou que a lei que trata do trâmite cita apenas a eleição do presidente e do relator da comissão, sem menção às vice-presidências, alertando que essa questão pode ser objeto de questionamento na Justiça.
O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), também não participou da reunião em que o acordo foi fechado, mas disse ter colocado, em reunião da oposição, que se oporia a qualquer nome do PT, PMDB ou PCdoB para os postos.
O primeiro ato de Rosso como presidente foi o de marcar nova sessão da comissão especial na próxima segunda-feira, às 17h, para apresentação dos planos de trabalho.
A comissão do impeachment, criada e instalada nesta quinta-feira, é composta por 65 deputados, e tem a responsabilidade de elaborar um parecer sobre o impeachment da presidente Dilma. A eventual posição da comissão favorável ao impeachment terá de ser submetida ao plenário da Câmara, e se aprovada, seguirá ao Senado para que seja iniciado o processo de julgamento.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)