BRASÍLIA (Reuters) - O presidente licenciado do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou nesta quarta-feira que um eventual rompimento dos tucanos com o governo é uma questão "superada", após a votação na Câmara da denúncia contra o presidente Michel Temer, e reiterou o compromisso do partido com a agenda de reformas.
"Essa questão, a meu ver, está superada. Essa não é a pauta do PSDB hoje. O PSDB se manifestou na Câmara dos Deputados de forma absolutamente livre. Cada parlamentar ali se posicionou em razão das suas convicções e obviamente também da sua consciência. E o que nos une hoje é o compromisso com as reformas", afirmou.
Para Aécio, que concedeu entrevista coletiva em meio a reunião da Executiva Nacional do partido, a unidade da legenda deve se dar em torno das reformas política, da Previdência e da simplificação tributária, agenda considerada por ele "possível e necessária ao país".
O senador, favorável à manutenção do apoio do partido à base, admitiu que há sim divergências dentro do partido em relação a Temer, mas que são "absolutamente naturais", uma vez que essa não é uma questão programática.
"Se vocês voltarem um pouco no tempo, até para que o PSDB participasse do governo havia divergência. Eu próprio defendia a posição inicial de uma não participação e de apoio às reformas", disse.
Licenciado do comando da legenda desde maio, quando foi envolvido na delação da JBS (SA:JBSS3) e temporariamente afastado do Senado, Aécio destacou que os quadros do partido têm dado uma "contribuição extraordinária" ao governo e frisou, ao ser questionado se a imagem do PSDB ficaria arranhada com essa posição, não se deveria pensar nisso.
"O nosso entendimento é de que essa discussão está superada. Enquanto o presidente da República achar necessário contar com os quadros do PSDB ele terá liberdade para fazê-lo, no momento em que achar diferente o PSDB respeitará isso e não mudará a sua postura de compromisso total e unitário de todas as suas bancadas, na Câmara e no Senado, com essas reformas", disse.
PRÉVIAS
O senador afirmou ainda que, se houver mais de um pretendente a disputar a Presidência da República pelo partido, a legenda deverá organizar prévias partidárias entre fevereiro e março de 2018 para definir quem será o nome do PSDB ao Palácio do Planalto.
No momento, despontam como cotados para o cargo pelo partido o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital paulista, João Doria.
Aécio disse ter indicado o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), para fazer a transição da legenda e cuidar da reunião partidária.
(Por Ricardo Brito, em Brasília)