Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Ao reunir na quinta-feira empresários, trabalhadores e membros da sociedade civil, na primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, desde de 2014, a presidente Dilma Rousseff fará um "chamado à responsabilidade" e deixará claro que pretende agir para retomar o crescimento, informaram à Reuters duas fontes palacianas.
A intenção do governo ao chamar o Conselhão é retomar um diálogo mais direto com a sociedade e discutir alternativas para a retomada do crescimento, daí a intenção de não apresentar um pacote de medidas. Primeiro a falar, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, fará um discurso de 20 minutos para apresentar alguns dos planos do governo para que a economia volte a crescer.
Entre eles, abrir linhas de financiamento para incentivar setores econômicos específicos que possam ajudar a garantir o crescimento dos empregos e reaquecer a economia, sem ter impacto inflacionário, o que inclui exportações, pequenas e médias empresas, concessões e obras de infraestrutura, conforme adiantou a Reuters.
A apresentação de Barbosa se somará a de outros ministros, como Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e Kátia Abreu (Agricultura), entre outros. Essas exposições servirão para mostrar um pouco das perspectivas do governo para 2016. A intenção, no entanto, é mais ouvir do que falar.
"A intenção é discutir a realidade, sem fazer ufanismo. É difícil, é desafiadora, não só para o Brasil como para o mundo. O objeto da reunião é o debate, é um espaço de participação real", afirmou uma fonte de alto escalão no Planalto.
"A presidente vai fazer uma fala harmoniosa, um chamamento caloroso por pontos de convergência."
Dilma também irá dizer que o governo continua comprometido com o ajuste fiscal e não deixará de lado as medidas econômicas. Defenderá a recriação da CPMF – que é vista com desconfiança tanto por empresários quanto por trabalhadores – mas tratará também de outros medidas que estão no Congresso, como a renovação da Desvinculação das Receitas da União (DRU) e a medida provisória que reajusta o imposto sobre bens de capital.
Ainda assim, dirá a presidente, o país não pode viver só de ajuste e medidas serão tomadas para incentivar a retomada do crescimento
Nesta terça-feira, Dilma convidou o ex-presidente do PCdoB, Renato Rabelo, para ser o secretário-executivo do Conselhão, hoje tocado pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner.
Rabelo será o responsável pelo dia a dia do Conselho, que deverá ter quatro reuniões este ano – como acontecia na sua formação – e encontros periódicos de grupos de trabalho, com pessoas indicadas pelos conselheiros, ou eles próprios, com temas como educação, inovação, seguridade social e reforma tributária.