(Reuters) - A presidente afastada Dilma Rousseff defendeu, em entrevista exibida pela TV Brasil na noite de quinta-feira, a realização de uma consulta popular sobre a antecipação das eleições presidenciais de 2018 caso retorne ao Palácio do Planalto ao final do processo de impeachment que está em tramitação no Congresso Nacional.
"O pacto que vinha desde a Constituição de 1988 foi rompido e não acredito que se recomponha esse pacto dentro de gabinete. Acredito que a população seja consultada", disse Dilma na entrevista à emissora pública gravada no Palácio da Alvorada. Segundo a presidente afastada, "só a consulta popular para lavar e enxaguar essa lambança que está sendo o governo Temer".
Dilma foi afastada temporariamente do cargo em maio, e substituída na Presidência pelo vice Michel Temer, devido à decisão do Senado de instaurar um processo de impedimento contra ela por suspeitas de crimes orçamentários. A defesa da presidente nega irregularidades e descreve o processo como um golpe.
Cronograma aprovado pela comissão do impeachment no Senado prevê o julgamento final da petista na Casa em meados de agosto. A presidente afastada precisa de um terço -o equivalente a 27 votos- para retornar à Presidência.
Segundo reportagens, Dilma têm sinalizado a aliados que aceitaria propor um plebiscito para definir a convocação de novas eleições presidenciais se voltar ao cargo, como uma forma de conquistar apoio no Senado para a votação do impeachment.
Na entrevista à TV Brasil, Dilma afirmou ainda que o governo do presidente interino Temer "é a síntese do que pensa" o deputado afastado e presidente suspenso da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e não tem legitimidade para fazer as mudanças que têm efetuado, como a reforma administrativa.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)