BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff disse, nesta sexta-feira, que vai lutar contra o impeachment e prometeu defender com todos os instrumentos do estado de direito democrático o mandato conquistado nas urnas.
"Vou lutar contra esse pedido de impeachment porque nada fiz que justifique esse pedido, e principalmente porque tenho compromisso com a população desse país que me elegeu", disse Dilma, em discurso no primeiro evento público depois de ter sido aceito pedido de abertura do processo de impeachment contra ela.
Sob aplausos do público, que também entoou gritos de "não vai ter golpe", a presidente afirmou que o apoio fazia muito bem para sua alma.
"Eu não cometi nenhum ato ilícito previsto na nossa Constituição", afirmou Dilma, durante discurso na 15ª Conferência Nacional de Saúde.
"Meu governo praticou todos os atos dentro do princípio da responsabilidade com a coisa pública, portanto, não tem fundamento o processo do meu impedimento", acrescentou.
Dilma é alvo de processo de impeachment, elaborado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal, que aborda, entre outros pontos, supostas irregularidades orçamentárias cometidas pelo governo.
O pedido, que tem o apoio da oposição, foi acatado por Cunha na quarta-feira, horas depois de os três petistas com assento no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados decidirem votar pelo andamento de um processo que busca a cassação do presidente da Casa.
Dilma afirmou que a abertura do processo de impeachment representa o ápice de um movimento sistemático enfrentado pelo governo ao longo deste ano de contestação aos resultados da eleição de 2014.
"Vou fazer a defesa do meu mandato com todos os instrumentos previstos em nosso estado democrático de direito", afirmou.
Sem citar especificamente Cunha, Dilma voltou a fazer críticas ao presidente da Câmara ao afirmar que não possui contas na Suíça e que nunca foi acusada de uso indevido do dinheiro público, repetindo o que afirmou em declaração à imprensa na quarta-feira logo após a decisão do presidente da Câmara que deflagrou o processo de impeachment.
Na representação contra Cunha no Conselho de Ética, o deputado é acusado de mentir em depoimento à CPI da Petrobras (SA:PETR4) por ter afirmado que não tinha contas bancárias no exterior. Documentos dos ministérios públicos do Brasil e da Suíça apontaram a existência de contas em nome do presidente da Câmara e de familiares no país europeu. Cunha também é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar contas na Suíça e denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República que o acusa de ter recebido 5 milhões de dólares de propina do esquema de corrupção na Petrobras. Ele nega ter cometido irregularidades.
(Reportagem de Leonardo Goy) 2015-12-04T182255Z_1006930001_LYNXMPEBB3144_RTROPTP_1_MANCHETES-POLITICA-DILMA-DEFESA-IMPEACHMENT.JPG