Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff vai exonerar todos os seus ministros no caso de confirmação do seu afastamento pelo Senado, o que deve incluir o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse à Reuters uma fonte palaciana.
O Senado vota nesta quarta-feira a admissibilidade do processo de impeachment de Dilma, com ampla expectativa de votação favorável ao afastamento da presidente por até 180 dias. Neste caso, o vice Michel Temer assumirá interinamente a Presidência.
A decisão informada aos ministros em reunião nessa manhã no Palácio do Planalto, sem a presença de Dilma, foi a de que não haverá transição para o governo Temer porque a presidente não considera a mudança democrática e nem uma situação normal de troca de governo.
O ministro do Gabinete Pessoal da Presidência, Jaques Wagner, explicou na reunião que cada ministério terá um responsável por passar informações técnicas ao novo governo, possivelmente alguém de segundo ou terceiro escalão, disse a fonte.
Mesmo os atuais secretários-executivos, que estão atualmente como ministros interinos, serão exonerados. A única exceção será Ricardo Leyser, ministro interino do Esporte. A decisão foi tomada para não prejudicar o andamento das preparações para a Olimpíada do Rio de Janeiro.
A decisão de exonerar até mesmo o presidente do Banco Central prejudica o planejamento da equipe de Temer. A intenção do vice-presidente era deixar Tombini no cargo pelo menos até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 7 e 8 de junho.
Mais cedo, o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), já havia falado aos jornalistas da decisão de Dilma, mas sem entrar em detalhes. Costa disse que teve a informação na terça-feira quando se encontrou com Dilma.
(Reportagem adicional de Marcela Ayres)