(Reuters) - A presidente Dilma Rousseff acusou nesta segunda-feira a oposição de agravar uma crise política que tem criado problemas para a economia, ao não aceitar a derrota nas eleições, e reiterou críticas ao mandado de condução coercitiva cumprido pela Polícia Federal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada.
Em meio a um momento de forte recessão e turbulência política acentuada pelas investigações da operação Lava Jato, Dilma disse que parte do atual momento de dificuldades enfrentado pelo país decorre do comportamento daqueles que são "inconformados" pela derrota eleitoral e querem antecipar a eleição de 2018.
"A oposição não pode sistematicamente ficar dividindo o país", disse Dilma em discurso durante cerimônia de entrega de moradias do programa Minha Casa Minha Vida em Caxias do Sul (RS).
"Tem certo tipo de luta política que cria um problema sistemático, não só para a política, mas para a economia, para a criação de empregos, para o crescimento das empresas, porque ninguém fica satisfeito quando começa aquela briga", acrescentou a presidente.
A oposição, que apoia pedido de impeachment contra Dilma, anunciou nos últimos dias que pretende obstruir as votações na Câmara dos Deputados para acelerar o processo de impedimento da presidente. E está participando ativamente da mobilização para as manifestações populares contra o governo marcadas para o próximo domingo.
"SOB VARA"
Em seu discurso nesta manhã, Dilma também reiterou sua defesa ao ex-presidente Lula, que na sexta-feira foi levado pela Polícia Federal para prestar depoimento em São Paulo como parte de uma nova fase de investigações da operação Lava Jato.
"Não tem o menor sentido conduzi-lo, como se diz, sob vara, para prestar depoimento, se ele jamais se recusou a ir", disse Dilma, que no sábado visitou Lula na casa do ex-presidente em São Bernardo do Campo, e já havia feito um pronunciamento em defesa do ex-presidente no dia da operação da PF.
Dilma disse ainda que não cabe a alegação do Ministério Público Federal e do juiz Sergio Moro de que o mandado de condução coercitiva tinha como objetivo evitar eventual tumulto no caso de um depoimento previamente marcado de Lula.
"Era necessário saber se ele queria ser protegido, porque tem certo tipo de proteção que é muito estranha", afirmou.
Lula foi levado para depor na sexta-feira sob suspeita de ser beneficiário de crimes envolvendo a Petrobras (SA:PETR4), aproximando ainda mais a investigação do atual governo de Dilma.
No sábado, o juiz Moro, que autorizou a operação contra o ex-presidente, emitiu uma nota oficial para justificar a ação, em que afirmou que a condução coercitiva faz parte de medidas investigatórias que visam o esclarecimento da verdade, e não significam antecipação de culpa do ex-presidente.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)