Por Rodrigo Viga Gaier e Luciano Costa
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A disputa pelo cargo de ministro de Minas e Energia, após a saída de Fernando Coelho Filho, que deixou a pasta para disputar as eleições, está acirrada e deverá adentrar o final de semana, disseram à Reuters fontes envolvidas nas conversas.
Coelho Filho, cuja exoneração foi publicada nesta sexta-feira no Diário Oficial da União, trouxe uma equipe técnica para a pasta, mas o principal nome desse time, o secretário-executivo Paulo Pedrosa, também decidiu deixar o cargo junto com o ministro, como antecipou uma das fontes e confirmou a assessoria da pasta.
A indefinição em torno do futuro titular da pasta de Minas e Energia e a saída de Pedrosa foram vistas como negativas para a estatal Eletrobras (SA:ELET3) por analistas do Itaú BBA em nota a clientes nesta sexta-feira.
As ações preferenciais da Eletrobras fecharam em baixa de 8,17 por cento e as ordinárias em queda de 9,17 por cento.
"Nós acreditamos que Pedrosa seria um dos melhores nomes para substituir Coelho Filho no ministério", afirmaram os analistas do Itaú BBA.
Para eles, o sucesso da desestatização da maior elétrica brasileira está diretamente ligado à definição das mudanças no ministério.
"O anúncio tem um impacto relevante... nós acreditamos que esse processo depende fortemente, entre outras coisas, de um nome pró-mercado assumindo a cadeira do ministério", apontaram os analistas, citando a informação da Reuters.
Um dos cotados para assumir o cargo de ministro no lugar de Coelho Filho é o atual chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco (MDB-RJ), mas existe uma corrente do MDB que defende o nome do deputado federal Saraiva (SA:SLED4) Felipe (MDB-MG), segundo uma das fontes.[nL2N1RJ014]
Correm por fora, ainda, nomes técnicos, como o do secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, afirmou a segunda fonte, embora com a ressalva de que uma solução "política" ganhou força nos últimos dias.
O secretário-executivo da pasta, Paulo Pedrosa, já vinha avisando a pessoas próximas que deixaria o posto junto com o ministro, a não ser que seu nome fosse o escolhido para assumir a pasta, segundo uma das fontes.
A assessoria da pasta confirmou que Pedrosa deixará o cargo no fim desta sexta-feira.
MUDANÇA IMPORTANTE
A renúncia de Pedrosa, que já foi diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e presidiu associações do setor elétrico, pode levar à saída de mais nomes técnicos importantes no Ministério de Minas e Energia e dificultar o avanço de temas importantes, na avaliação de uma fonte próxima à Eletrobras.
"Sai o Fernando (Coelho Filho), sai o Pedrosa... acho que as ações caem nesta sexta-feira", afirmou mais cedo.
Analistas apontavam Pedrosa como um nome fundamental na discussão de assuntos como os planos do governo de privatizar a Eletrobras, reformar a regulamentação do setor elétrico e concluir uma renegociação do chamado contrato da Cessão Onerosa junto à Petrobras (SA:PETR4).
Fartamente elogiado por associações que representam investidores devido a seu perfil técnico, Pedrosa chegou a ser cotado para assumir o ministério, mas seu nome perdeu força ao longo das últimas semanas.
(Reportagem adicional de Paula Arend Laier)