Por Sarah N. Lynch e Karen Freifeld
WASHINGTON (Reuters) - Investigadores federais que apuram interferência russa na eleição norte-americana de 2016 indiciaram nesta segunda-feira Paul Manafort, ex-gerente de campanha do presidente Donald Trump, e outro ex-assessor, Rick Gates, por lavagem de dinheiro.
Um terceiro ex-assessor de Trump, George Papadopoulos, se declarou culpado em outubro por mentir ao FBI, segundo anúncio nesta segunda-feira.
As acusações foram uma escalada acentuada da investigação de cinco meses do conselheiro especial do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, Robert Mueller, sobre supostos esforços russos para inclinar a eleição em favor de Trump e sobre possível conluio de assessores de Trump.
Manafort, de 68 anos e há tempos operador republicano, e Gates foram indiciados em um tribunal federal em Washington.
Ambos se declararam inocentes para uma série de incriminações em uma acusação formal de 12 crimes, indo de lavagem de dinheiro a atuação como agentes não registrados do ex-governo pró-Rússia da Ucrânia.
O tribunal colocou ambos sob prisão domiciliar. Haverá outra audiência na quinta-feira.
A investigação de Mueller e outras apurações feitas por comitês do Congresso sobre supostos esforços russos para influenciar a eleição criaram uma sombra sobre os primeiros nove meses do presidente republicano no poder.
Trump e sua campanha não foram mencionados na acusação contra a dupla. Muitas das acusações, algumas voltando para mais de uma década, têm a ver com o trabalho de Manafort para a Ucrânia, em vez da campanha de Trump.
Uma porta-voz da Casa Branca disse que o indiciamento não tem a ver com Trump ou sua campanha e que não mostrou evidências de conluio entre a campanha e a Rússia.
“Nós temos dito desde o primeiro dia que não há evidência de conluio entre Trump e Rússia, e nada na acusação de hoje muda isto”, disse a porta-voz Sarah Sanders durante entrevista coletiva.
As acusações contra Manafort podem pressioná-lo a cooperar com a investigação de Mueller sobre a Rússia, disse Renato Mariotti, ex-procurador federal em Chicago.
“Se eu fosse o advogado da defesa, eu estaria analisando cooperar”, afirmou.
CULPADO
Em um desenvolvimento diretamente relacionado à campanha eleitoral de Trump de 2016, foi anunciado nesta segunda-feira que Papadopoulos, um ex-assessor de campanha, se declarou culpado neste mês de fazer falsas declarações ao FBI.
O escritório de Mueller disse que Papadopoulos mentiu para agentes do FBI sobre o momento do contato entre ele e um professor em Londres que afirmou ter informações que prejudicariam a candidata democrata à Presidência Hillary Clinton.
Papadopoulos, um ex-assessor de política externa na campanha, desde então "se encontrou com o governo em numerosas ocasiões para fornecer informações e responder perguntas", de acordo com um documento judicial.
A porta-voz da Casa Branca Sanders minimizou o papel de Papadopoulos na campanha, dizendo que era "extremamente limitado" e que ele era um voluntário.
(Reportagem adicional de Doina Chiacu, Susan Heavey, Steve Holland e Mark Hosenball)