Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), vai se reunir com a bancada tucana da Câmara dos Deputados na quarta-feira, em Brasília, a fim de discutir a posição dos deputados a respeito da denúncia oferecida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de corrupção passiva.
Doria disse nesta terça-feira que a denúncia de Janot -cuja autorização para ser julgada precisa ser dada pela Câmara- não é motivo para que o partido deixe o governo de Temer neste momento. Ele defendeu que os tucanos votem de uma única forma quando o assunto chegar à Casa Legislativa.
O prefeito paulistano defende a convocação de uma reunião da Executiva Nacional do partido para discutir o assunto.
A decisão da bancada do PSDB -o principal aliado de Temer no Congresso e a quarta maior da Câmara- é considerada decisiva pelo governo, uma vez que a posição da legenda poderá influenciar a escolha de outros partidos da base aliada.
Integrante da Comissão de Constituição e Justiça, o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE) afirmou que a tendência dele é apoiar a autorização da Câmara para o STF julgar a denúncia contra Temer. Segundo ele, embora não se trate de uma "condenação" do presidente, há muitos elementos que não foram esclarecidos.
"Diante da gravidade do assunto, é justo que o caso seja aprofundado", disse Betinho.
Para o tucano, há um "constrangimento" dos parlamentares em apreciar o assunto. Ele disse que o líder do PSDB na Câmara, Ricardo Trípoli (SP), já avisou à bancada que não vai fechar questão -quando o partido decide uma única orientação de voto e pode punir quem for contrário.
O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), contudo, indica ser a favor de rejeitar o julgamento da denúncia. Para ele, o importante é que o partido dê suporte para a agenda de reformas e que, a seu juízo, a população não está estimulada a ir às ruas para derrubar Temer, ao contrário do que ocorreu com a ex-presidente Dilma Rousseff.
Macris defende que o partido tome uma decisão que seja seguida pela maioria dos integrantes da bancada.