BRASÍLIA (Reuters) - A despeito do clima de otimismo de aliados, que apostam em uma votação da reforma da Previdência na próxima semana, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu nesta quarta-feira que a articulação sobre a reforma da Previdência concentre-se no “convencimento” dos indecisos, para só depois marcar uma data para deliberação.
O deputado aproveitou para criticar a estratégia de governistas, que após um café da manhã no Palácio da Alvorada, divulgaram estimativas de votos a favor da proposta. A mais corrente gira em torno dos 260 votos, mas a mais otimista, que leva em conta o apoio de indecisos, contabiliza 310 votos. Por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), a reforma precisa do "sim" de 308 dos 513 deputados em dois turnos de votação.
“O que a gente precisa é trabalhar o convencimento de cada parlamentar, entender se nós temos condição de votar a matéria. E quando a gente tiver esse convencimento, indicar a data que será votada”, disse Maia a jornalistas.
“Acho que ficar falando número, acho que não ajuda muito o processo de convencimento dos deputados. Fica parecendo uma pressão sobre os deputados e isso não é bom, porque essa é uma matéria difícil, fundamental, e a gente precisa ter muito diálogo e muita paciência para que ela possa avançar na Câmara dos Deputados.”
O presidente da Casa disse ainda que não irá pautar a proposta se ela não contar com os votos necessários para ser aprovada, já que uma derrota passaria, na opinião do deputado, uma mensagem ruim à sociedade.
“A gente ir para uma votação com clareza de derrota apenas para ter uma data, a gente vai estar gerando uma sinalização de que não há na Câmara uma responsabilidade fiscal majoritária, e há. Essa maioria existe”, disse Maia.
“O problema são as circunstâncias, tudo o que nós passamos esse ano que acaba gerando um certo desconforto nos parlamentares”, afirmou.
As declarações de Maia servem de contraponto a avaliações de aliados que, mais cedo, após café no Palácio da Alvorada, apontaram uma mudança de ânimos na Casa. Eles apostam na migração de indecisos assim que o sentimento favorável à proposta for consolidado em um número próximo a 290.
Maia já declarou, em outra circunstância, que prefere ser realista a otimista, e defende que o governo conte com uma margem de votos acima dos 308 para levar a proposta a plenário.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)