Por Eyanir Chinea e Andrew Cawthorne
CARACAS (Reuters) - O governo socialista do presidente Nicolás Maduro está a caminho de vencer as eleições municipais da Venezuela realizadas no domingo, aprofundando o colapso da oposição e fortalecendo sua posição para uma provável campanha de reeleição em 2018.
Depois que três dos principais partidos opositores boicotaram a votação, Maduro disse que o governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) ficou com ao menos 90 por cento das 335 prefeituras do país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que está sofrendo uma crise econômica inédita.
"Estou muito feliz por nossa grande vitória", disse Maduro, de 55 anos, dançando, exultante, diante de uma multidão na Praça Bolívar da capital Caracas. "Agora vamos nos preparar para 2018!"
De acordo com a contagem oficial mais recente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), os socialistas haviam vencido em 41 dos 42 municípios computados até o início da noite de domingo, mas Maduro disse que os resultados divulgados da noite para o dia mostrariam que seu governo conquistou mais de 300 das 335 prefeituras.
Os partidos de oposição, que boicotaram a eleição acusando o CNE de se inclinar a favor da "ditadura" de Maduro, disseram que a votação foi – como outras – repleta de irregularidades, como o abuso flagrante de recursos estatais.
"O que aconteceu hoje não foi uma eleição, e ninguém a verá como tal", disse a sigla opositora radical Vontade Popular. "Os venezuelanos querem votar em condições livres e justas".
Maduro disse que os três partidos opositores – Primeiro Justiça, Vontade Popular e Ação Democrática – não deveriam ter permissão de participar de votações futuras.
"Eles desaparecerão do mapa político", afirmou Maduro, agora favorito a candidato do PSUV no ano que vem.
Especula-se que o CNE pró-Maduro pode convocar a eleição presidencial no primeiro semestre de 2018, embora tradicionalmente ela ocorra em dezembro. Isso daria à oposição um período curto para se unir e restaurar o moral abatido.
Como seus líderes mais populares estão impedidos de antemão de concorrer – Leopoldo López se encontra em prisão domiciliar e Henrique Capriles está proibido de exercer cargos eletivos – os opositores podem ter dificuldades para encontrarem um porta-estandarte popular.