BRASÍLIA (Reuters) - Em mais um embate no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luís Roberto Barroso classificou o colega Gilmar Mendes como uma "pessoa horrível, mistura do mal com o atraso, com pitadas de psicopatia" e que ele "envergonha" e "desonra" a todos na corte.
O comentário de Barroso ocorreu após Gilmar, durante um julgamento em sessão do plenário do STF na tarde desta quarta-feira sobre doações ocultas de campanha, ter cutucado o colega indiretamente ao afirmar que há ministros que se sentem "iluminados" e ter dito que agora vão dar uma de "esperto" e conseguir uma decisão sobre aborto.
Gilmar referia-se a uma decisão, tomada em dezembro de 2016 pela Primeira Turma do Supremo, que permitiu descriminalizar o aborto nos 3 primeiros meses de gravidez, a partir do voto de Barroso, que foi relator do caso.
"Deixe-me de fora desse mau sentimento, você é uma pessoa horrível, mistura do mal com o atraso, com pitadas de psicopatia. Isso não tem nada a ver com o que foi julgado. É um absurdo Vossa Excelência aqui fazer um discurso cheio de ofensas, grosserias. Vossa Excelência não consegue articular um argumento, fica procurando ofender, já ofendeu a presidente, já ofendeu o ministro Fux, agora chegou a mim", afirmou Barroso.
"A vida para Vossa Excelência é ofender as pessoas. Não tem uma ideia, nenhuma ideia, nenhuma. Só ofende as pessoas, qual é a sua ideia, a sua proposta? Nenhuma, nenhuma, nenhuma. É bílis, ódio, mau sentimento, mal secreto, é uma coisa horrível. Vossa Excelência nos envergonha. Vossa Excelência é uma desonra para o tribunal, uma desonra para todos nós, com um temperamento agressivo, grosseiro, rude, é péssimo isso", completou.
Durante a fala de Barroso, a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, tentou acalmar os ânimos, mas ele continuou.
"Vossa Excelência sozinho desmoraliza o tribunal. É muito ruim, é muito penoso para todos nós termos que conviver com Vossa Excelência. Não tem ideia, não tem patriotismo, está atrás de algum interesse que não seja a Justiça. É uma coisa horrorosa, uma vergonha."
A presidente do STF chegou a anunciar o encerramento da sessão, Mas Gilmar pediu a palavra para rebater Barroso. "Presidente, por favor. Estou com a palavra. Continuo com a palavra. Presidente, eu vou recomendar ao ministro Barroso que feche o seu escritório. Feche seu escritório de advocacia."
A sessão do plenário foi suspensa pela presidente para a realização do intervalo e retomada, cerca de 40 minutos depois, sem que houvesse qualquer menção ao bate-boca.
(Reportagem de Ricardo Brito)