BRASÍLIA (Reuters) - O plenário do Senado definiu a votação aberta para a escolha do presidente da Casa, em uma derrota para o candidato do MDB ao cargo, senador Renan Calheiros (MDB-AL), que defendia a votação secreta.
Com 50 votos favoráveis, dois contrários e uma abstenção, essa votação ocorreu sob intensos protestos de Renan pelo fato de estar sendo comandada pelo senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), que também é pré-candidato a presidente do Senado.
Após o resultado, a senadora Kátia Abreu (PDT-TO), posicionou-se ao lado de Alcolumbre e disse que não ele iria presidir a sessão. "Tira ele daí", disse Renan, referindo-se ao senador do DEM.
Da tribuna, o senador Otto Alencar (PSD-BA), que disse que vai votar no colega Coronel Ângelo (PSD-BA), afirmou que essa questão vai ser judicializada e cobrou que Alcolumbre deixe a presidência da Casa.
Renan e aliados cobravam que Alcolumbre não presidisse a sessão e tampouco colocasse em votação a questão sobre se a sessão para a escolha do presidente do Senado fosse aberto e fechado.
O argumento de Renan e de apoiadores é que o regimento interno do Senado determina que a votação seja secreta e que não se poderia mudar a votação por uma consulta aos senadores em plenário. Em vários momentos, ele protestou contra a condução da sessão por Alcolumbre.
"Essa Casa é uma casa de homens públicos e não pode ser desmoralizado por Vossa Excelência", criticou Renan falando diretamente ao senador do DEM. Durante a sessão, Alcolumbre alegou ter amparo regimental para presidir o processo de votação por ser o único senador remanescente e habilitado da Mesa Diretora passada. Ele é o terceiro suplente da Mesa anterior.
A avaliação é que o senador do MDB --desgastado nos últimos anos em razão de denúncias e investigações que o atingiram-- teria mais chances de vencer numa votação secreta para comandar o Senado pela quinta vez. Recentemente, Renan --que na campanha apoiou para presidente o petista Fernando Haddad-- mandou sinais de aproximação ao presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Senador de primeiro mandato e que ficou em outubro em terceiro para o governo do Amapá, Alcolumbre quer também se viabilizar como um candidato anti-Renan. Nos bastidores, ele ainda conta com respaldo do ministro da Casa Civil e correligionário, Onyx Lorenzoni, movimento esse que gerou críticas de senadores de suposta interferência do Planalto na disputa.
(Reportagem de Ricardo Brito)