Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer avalia antecipar em um dia sua volta da China para acalmar a base e tentar assegurar as votações necessárias para o governo, ante a possibilidade de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentar na semana que vem uma nova denúncia contra o peemedebista.
O PGR fica no cargo apenas até 17 deste mês e já indicou que vai apresentar uma nova denúncia antes de sair da procuradoria. No Palácio do Planalto cresceram as informações de que isso possa ser feito semana que vem, antes do feriado de 7 de setembro.
Temer deveria chegar ao Brasil na noite do dia 6, mas estuda chegar na terça-feira, quando os parlamentares estariam apreciando os destaques das novas metas fiscais.
Essa votação --em que o governo cochilou e não conseguiu que fosse concluída na madrugada da última quarta-- fez com que Temer redobrasse a atenção com os riscos.
"O problema é concluir a votação da meta para apresentar um orçamento real e não o que foi apresentado, que todos sabem que é errado", disse uma fonte palaciana.
O governo teme a paralisia que uma nova denúncia pode causar por algumas semanas, apesar de garantir que tem, como da primeira vez, apoio para barrar mais um processo.
Um líder da base aliada admitiu à Reuters que a base aliada está "frágil" e "vulnerável" e que o governo precisa cuidar dos aliados se quiser barrar a denúncia e ainda manter a sua agenda de votações --como a conclusão da votação da meta fiscal e a agenda de reformas.
"A votação da meta mostrou que há, sim, insatisfação na base", afirmou esse líder, que preferiu comentar sob a condição do anonimato.
Para que a Câmara autorize o Supremo Tribunal Federal analisar a denúncia, são necessários dos votos de 342 dos 513 deputados. Na primeira denúncia, foram 227 os votos pela autorização.