ENTREVISTA-Estabilidade e bons ativos aumentarão interesse em leilões de 2017, diz ANP

Publicado 17.10.2016, 18:52
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Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O retorno da estabilidade política no Brasil, reformas regulatórias e a oferta de importantes jazidas do pré-sal, como Carcará, trazem atratividade para os leilões de áreas de exploração e produção de petróleo previstos para o próximo ano, disse à Reuters nesta segunda-feira a diretora-geral da agência reguladora do setor de petróleo no país, Magda Chambriard.

"A estabilidade está voltando e país está se acalmando... a simples retomada da estabilidade já vai significar muito (para a atratividade das rodadas)", afirmou Magda, cujo mandato de diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) termina em 6 de novembro.

Estão previstas para a segunda metade do próximo ano a 14ª Rodada de Licitação de Blocos Exploratórios de Petróleo, sob regime de concessão, e a 2ª Rodada de Partilha de Produção, que ofertará jazidas do pré-sal já descobertas com grande potencial.

A parcela da jazida de Carcará, no pré-sal da Bacia de Santos, que será ofertada sob regime de partilha, deverá gerar grande interesse, pois estima-se que tem o mesmo volume da área adjacente leiloada anteriormente, segundo a diretora-geral.

A parcela de Carcará já leiloada havia sido adquirida por Petrobras (SA:PETR4) e parceiros em leilão no passado, ainda sob regime de concessão.

Em anúncios anteriores, a Petrobras revelou que testes realizados em Carcará mostraram alta produtividade, com resultados equivalentes aos melhores poços produtores do pré-sal da Bacia de Santos.

Recentemente, após o desenvolvimento da descoberta, a petroleira estatal vendeu 66 por cento do bloco em que está a jazida por 2,5 bilhões de dólares para a norueguesa Statoil, o que dá uma dimensão do outro ativo que será ofertado no próximo leilão, segundo Magda.

"Em Carcará, o que nós estamos esperando é que a parte da União (ainda não licitada) seja equivalente à parte que está dentro do bloco... Por essa parte que está dentro do bloco, a Statoil comprou dois terços... E pagou 2,5 bi... isso é uma coisa que está sendo licitada", comentou.

A ANP ainda não concluiu suas estimativas de arrecadação com os leilões, mas o governo estima arrecadar de 4 bilhões a 5 bilhões de reais, numa estimativa conservadora, segundo afirmou à Reuters na semana passada o ministro interino de Minas e Energia, Paulo Pedrosa.

ÁREAS PROMISSORAS

Já para a 14ª Rodada, Magda Chambriard acredita que a grande aposta serão áreas ofertadas na Bacia de Sergipe e Alagoas, próximas a prospectos da Petrobras e seis Planos de Avaliação de Descoberta em curso. Segundo a diretora-geral, a região tem apresentado petróleo leve e atrativo.

"Eu diria que Sergipe e Alagoas tem tudo para ser o próximo polo de águas profundas", afirmou ela, que também citou a expectativa de interesse de investidores na Bacia de Parnaíba, importante polo produtor de gás natural, e na Bacia de Pelotas, que representa ainda uma nova fronteira exploratória.

PERSPECTIVA COM A PETROBRAS

No último leilão da ANP, a 13ª Rodada, em 2015, a Petrobras surpreendeu o mercado e ficou fora de uma rodada no Brasil pela primeira vez na história, enquanto trabalhava para reduzir sua enorme dívida, a maior do setor de petróleo global.

Considerada a grande locomotiva do setor no Brasil, a ausência da petroleira foi considerada a causa para os resultados da rodada terem ficado aquém do esperado.

A Petrobras vem lutando para reduzir sua enorme dívida por meio de corte de investimentos, venda de ativos e foco em ativos que trazem maior rendimento, como o pré-sal.

Questionada se a Petrobras é esperada para o próximo leilão, Magda afirmou que "a locomotiva ainda está se ajustando" e que esses ajustes são necessários. Entretanto, expressou preocupação de que a empresa não busque novas áreas de exploração.

"Ela (a Petrobras) tem que fazer suas contas e ver o que ela quer... como uma pessoa de exploração e produção, sempre vou me preocupar com a diversidade o portfólio... que pode não fazer diferença hoje, mas no longo prazo faz", afirmou Magda.

Segundo diretora-geral, pelo fato de a Petrobras sempre ter tido uma diversidade em seu portfólio de produção, ela pôde descobrir o pré-sal, e agora não pode se concentrar apenas nele e não buscar novas descobertas grandiosas para o futuro.

"Espero que a Petrobras não seja apenas uma empresa de 2000 a 2020, espero que seja uma empresa que em 2050 continue com um portfólio diversificado e participando das descobertas significativas do país", destacou Magda.

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